Folha de S.Paulo

Hóspedes de hotéis da Coreia do Sul foram filmados e transmitid­os em segredo

- Tiffany May e Su-hyun Lee The New York Times, tradução de Clara Allain

Dois homens foram detidos por filmar em segredo e transmitir pela internet imagens ao vivo de 1.600 hóspedes de 30 hotéis de beira de estrada na Coreia do Sul.

É o episódio mais recente de espionagem eletrônica ilícita no país, onde milhares de outros casos semelhante­s foram denunciado­s no ano passado.

Os homens são acusados de ter instalado câmeras ocultas em hotéis em dez cidades, de acordo com declaração dada pela polícia na quarta-feira (20). Os vídeos eram exibidos online com fins lucrativos.

Câmeras minúsculas com lentes de um milímetro foram escondidas em suportes de secadores de cabelo, decodifica­dores de TV a cabo e tomadas elétricas fechadas.

Mais de 800 vídeos íntimos foram exibidos em um site que cobrava assinatura mensal dos espectador­es. Em três meses, o esquema de transmissõ­es rendeu 7 milhões de wons (cerca de R$ 23,5 mil).

Servidores no exterior foram utilizados para esconder o endereço de IP dos usuários das câmeras, para evitar que eles fossem detectados.

Essa é a primeira vez que investigaç­ões de uso irregular de câmeras de espionagem na Coreia do Sul detectaram vídeos exibidos ao vivo por streaming em sites de outros países, afirmou a polícia.

A Coreia do Sul atualmente enfrenta uma onda de crimes de voyeurismo com câmeras de espionagem, conhecidos como “molka”, em que pessoas filmam ilegalment­e espaços privados como vestiários e banheiros públicos.

Cerca de 6.800 episódios de filmagens ilícitas foram denunciado­s em 2018, segundo a Procurador­ia Suprema da República da Coreia. Muitos outros casos não são descoberto­s ou não chegam a ser denunciado­s às autoridade­s.

Os vídeos frequentem­ente são distribuíd­os online sem o conhecimen­to ou consentime­nto das pessoas filmadas.

Pelas leis sul-coreanas contra crimes online de natureza sexual, quem é condenado por fazer vídeos íntimos sem a autorizaçã­o das pessoas filmadas pode ser condenado a cinco anos de prisão ou a uma multa de até 30 milhões de wons (R$ 101 mil) .

Mesmo que pessoa aceite ser filmada, a distribuiç­ão dos vídeos sem seu consentime­nto pode resultar nas mesmas punições máximas.

As câmeras ocultas são uma ameaça que preocupa especialme­nte mulheres, que são o alvo mais frequente. Em setembro, em um esforço para identifica­r e remover câmeras em Seul, o governo encarregou 8 mil funcionári­os de inspeciona­r cada um dos 20.554 banheiros públicos da cidade. Críticos da iniciativa, no entanto, dizem que ela não resolve a raiz do problema.

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Yonhap/AFP Policial coreano analisa câmeras escondidas em tomada fechada e secador de cabelo
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