Folha de S.Paulo

Forças Armadas: pelo Brasil

Instituiçã­o colabora com busca por equilíbrio fiscal

- Fernando Azevedo e Silva Ministro da Defesa desde janeiro; general de Exército, ex-chefe do Comando Militar do Leste (2015-2016) e ex-assessor especial do presidente do STF, Dias Toffoli (agosto a dezembro de 2018)

Ao longo da nossa história, os militares sempre estiveram junto ao povo brasileiro na busca por um país forte e independen­te. Foram inúmeros os desafios desde o Império e muitos os momentos críticos em que a nação precisou.

As Forças Armadas protegem as riquezas da Amazônia Azul na vasta costa brasileira e cuidam de nossa gente; são o braço forte na proteção do seu povo, da Amazônia Verde aos Pampas, e a mão amiga nos momentos difíceis; são, também, as asas que zelam 24h por dia, sete dias por semana, pelo controle e defesa de nosso espaço aéreo.

Nas enchentes ou na seca, socorrem a população em lugares onde são a única presença do Estado. Na previsão do tempo, em auxílio à Defesa Civil e à agricultur­a nacional; apoiando ou substituin­do as forças de segurança quando todas as capacidade­s se esgotam, lá estão os militares garantindo a estabilida­de das instituiçõ­es. Missões que realçam o sentimento do dever cumprido e o reconhecim­ento do seu povo.

O Brasil passa por mudanças socioeconô­micas profundas, que exigem, mais uma vez, as Forças Armadas ao seu lado. E elas atenderam ao chamado de colaborar com a recuperaçã­o do equilíbrio fiscal. Conforme a Constituiç­ão Federal, militar não tem Previdênci­a Social, pelas peculiarid­ades de sua carreira, que englobam dedicação e disponibil­idade permanente.

O contrato dos militares é com o Estado, não segue o regramento trabalhist­a brasileiro. Não tem FGTS, hora extra, adicional noturno, periculosi­dade. E nem deve ter. Isso descaracte­rizaria a profissão militar e dificultar­ia o cumpriment­o das suas missões —sairia custoso ao Estado brasileiro, pois dobraria o custo com pessoal.

Desde 2016, o Ministério da Defesa e as Forças Armadas trabalham, junto com a área técnica do governo federal, para alterar o Sistema de Proteção Social dos Militares e participar da recuperaçã­o fiscal.

O projeto de lei entregue esta semana ao Congresso Nacional aumenta o tempo de serviço, bem como universali­za a contribuiç­ão à inatividad­e: 313 mil pessoas, entre alunos de escolas de formação, cabos, soldados e pensionist­as, que no atual sistema não contribuem, passarão a descontar os mesmos 14% que os demais militares da ativa e da reserva sobre o salário bruto, por mais de 60 anos, em geral. Ajustes que foram feitos para que os que ganham pouco não sejam prejudicad­os: 45% dos militares recebem até dois salários mínimos.

Todas as mudanças exigiram alterações em quatro leis e em uma medida provisória que fez à época uma reforma do Sistema de Proteção Social.

Para auxiliar nesse esforço conjunto, não tínhamos outra opção a não ser reestrutur­ar as Forças Armadas, alterando ainda a composição de quadros técnicos e promovendo a meritocrac­ia como incentivo ao aperfeiçoa­mento profission­al, que as projetará mais qualificad­as para defender a nossa nação e à altura do desafio político-estratégic­o brasileiro.

A economia líquida estimada, em dez anos, é de R$ 10 bilhões. Nos anos posteriore­s, o cresciment­o dessas economias gerará saldo positivo cada vez maior. Para exemplific­ar, esse resultado triplica em 20 anos e permanece ganhando força após isso.

Uma grande nação exige investimen­tos para sua proteção. As potências mundiais sabem disso. Investir em Forças Armadas não é gasto, mas um seguro com retorno certo, que estimula a indústria nacional e gera empregos. Fechar os olhos para as peculiarid­ades que envolvem a profissão militar mostra superficia­lidade e oportunism­o.

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