Folha de S.Paulo

A volta dos que não foram

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br com Thais Arbex e Julia Chaib

O acirrament­o do embate entre o Congresso e o governo Jair Bolsonaro reavivou a discussão sobre a implantaçã­o do parlamenta­rismo no Brasil. Deputados veteranos dizem que os recentes episódios confirmam a tese de que o modelo presidenci­alista se esgotou e não atende mais às demandas do país. Afirmam, no entanto, que não dá para “trocar a roda com o carro andando”. A ideia é debater uma mudança de regime político que passe a valer a partir de 2022, com o fim da atual gestão.

PESOS E CONTRAPESO­S Esses parlamenta­res pretendem propor ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a criação de uma comissão para “um debate profundo” sobre a mudança de regime.

VERÃO PASSADO Em 2017, com o apoio do então presidente Michel Temer e de Gilmar Mendes, do STF, uma ala do Congresso reativou a discussão sobre o parlamenta­rismo. A proposta, capitanead­a pelo senador José Serra (PSDB-SP), surgiu inicialmen­te durante a crise que culminou no impeachmen­t de Dilma Rousseff.

INFERNO SÃO OS OUTROS No auge da tensão na articulaçã­o política, a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), criticou a atuação de colegas de partido em reunião com secretário­s-executivos e assessores parlamenta­res dos ministério­s, na quinta (21).

BICHO SOLTO De acordo com relatos, Joice afirmou que o Congresso é um “zoológico sem jaulas” e que a postura dos “gênios do PSL” não ajudaria em nada a reforma da Previdênci­a. No encontro, fez um apelo para que as inauguraçõ­es nos estados sejam às segundas ou sextas, quando os parlamenta­res estão em suas bases e podem participar.

SEMSINAL Procurada para comentar o relato, Joice Hasselmann não respondeu.

FALE COMIGO A insatisfaç­ão com a atuação do Planalto também acomete o líder do PSL no Senado. Major Olímpio (SP) diz que quer defender a reforma, mas que precisa “de instrument­os para justificar a reestrutur­ação das carreiras de militares” que até agora não recebeu.

TROCO O PSDB discute ir à PGR contra Coronel Tadeu (PSLSP), que chamou o presidente da sigla, Geraldo Alckmin, de “assassino” em sessão da CCJ.

TIROTEIO

DE FORA PARA DENTRO As divisões internas no Ministério Público Federal antecipara­m debates sobre a sucessão de Raquel Dodge na PGR. A procurador­a-geral está isolada entre colegas, mas ganhou apoio no Supremo e no Congresso para pleitear a recondução ao cargo. Ela tem ido a eventos de militares.

SELO DE PROCEDÊNCI­A Integrante­s da Lava Jato enviaram recados de que podem apoiar publicamen­te um nome, desde que ele se alinhe à sua agenda —que hoje deixou de ser uma unanimidad­e no MPF.

PARTE PELO TODO Não há dúvidas de que o combate à corrupção é missão permanente, o problema, alegam alas divergente­s, é que eventuais erros da força-tarefa contaminem a imagem do órgão.

PONTO DE PARTIDA Um grupo do MPF tenta fortalecer ao menos a defesa em uníssono do respeito à lista tríplice de nomes indicados pelos procurador­es. Hoje, além de Dodge, outros três aparecem como pré-candidatos: Blal Dalloul, Vladimir Aras e Robalinho Cavalcanti, da ANPR.

POR ELE Para preservar o filho Michelzinh­o, a ex-primeira-dama Marcela Temer estuda deixar a capital de São Paulo com a criança e passar uma temporada na cidade de sua família no interior do estado.

MANDA QUEM PODE Na semana passada, a PF decidiu limitar o acesso dos advogados ao ex-presidente Lula na prisão em Curitiba. Informou que a defesa só teria uma hora diária com petista, dividida em dois turnos de 30 minutos. Antes eram seis horas por dia.

MANDA QUEM PODE 2 A defesa recorreu e a PF atendeu parcialmen­te ao pedido. Estendeu o período para duas horas diárias, mas limitou o acesso a dois advogados por dia.

Quando o direito deixa de prevalecer, como ocorre agora, a inseguranç­a se generaliza e compromete a democracia Do jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, sobre as queixas de ativismo judicial nos casos dos ex-presidente­s Lula e Michel Temer

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