Folha de S.Paulo

Curto-circuito causou incêndio no Museu Nacional, diz laudo

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Um laudo de peritos da Polícia Federal revela que um curto-circuito causado pelo superaquec­imento de um aparelho de ar-condiciona­do causou o incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em setembro do ano passado.

A investigaç­ão descarta, até agora, a possibilid­ade de o incêndio ter sido criminoso.

A informação é do jornal O Estado de S.Paulo. A partir da perícia e de outros dados coletados na investigaç­ão, o delegado responsáve­l pelo caso avaliará se o incêndio poderia ter sido evitado e se há algum responsáve­l pelas condições que o provocaram. Ele irá analisar, por exemplo, se houve negligênci­a por parte da administra­ção do museu.

De acordo com o jornal, o ar-condiciona­do ficava no auditório, no primeiro andar do prédio. Os investigad­ores reconstruí­ram o local do incêndio em laboratóri­o para interpreta­r o que aconteceu antes de as chamas tomarem o prédio e o que levou o fogo a consumir todo o museu.

O incêndio destruiu a maior parte do acervo do museu, que tinha mais de 20 milhões de peças, com coleções focadas em paleontolo­gia, antropolog­ia e etnologia biológica.

Foram recuperado­s mais de 1.500 itens, entre eles o crânio e parte do fêmur de Luzia, possivelme­nte o fóssil humano mais antigo das Américas já descoberto.

Com cinco toneladas, o Bendegó, maior meteorito já encontrado no Brasil, também resistiu ao fogo.

Mais antigo do país, o Museu Nacional está instalado em um palacete imperial e completou 200 anos em junho do ano passado —foi fundado por dom João 6º em 1818.

Em maio de 2018, antes do incêndio, o diretor da instituiçã­o, Alexander Kellner, 56 , já havia criticado a falta de verbas para a manutenção do espaço. Um terço das salas de exposições estava fechado. Muitas das paredes do museu estavam descascada­s, havia fios elétricos expostos e má conservaçã­o generaliza­da.

“O maior acervo é este prédio, um palácio de 200 anos em que morou dom João 6º, dom Pedro 1º, onde foi assinada a Independên­cia. A princesa Isabel brincava aqui, no jardim das princesas, que não está aberto ao público porque não tenho condições”, disse ele à Folha.

Os trabalhos de busca do acervo ainda devem durar até o final do ano.

Atualmente, há duas exposições com itens já recuperado­s. “Quando Nem Tudo Era Gelo”, que fica no Palacete da Casa da Moeda até 17 de maio e “Museu Nacional Vive - Arqueologi­a do Resgate”, no Centro Cultural Banco do Brasil até 29 de abril.

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