Folha de S.Paulo

O Ituano é favorito

O Soberano São Paulo, quem diria, é azarão nas quartas de final do Paulistinh­a

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Antes de vocês, rara leitora sãopaulina e raro leitor são-paulino, xingarem o pobre colunista, tomem o que lerão como incentivo ao tricolor.

Já imaginou que delícia será ouvir os briosos e indignados jogadores após o jogo “calando os críticos” ao vencerem o Ituano no Morumbi?

Todos irritados com quem não acreditou neles? Pois, acreditem vocês, é possível.

Mais que possível: considerad­os os pesos das camisas, em tese, favorito seria o tricampeão mundial.

Na prática, no entanto, sejamos realistas: sem ter os nomes que o São Paulo tem, o Ituano é melhor.

É claro que ser melhor no futebol ajuda, mas frequentem­ente não é suficiente. Compare as campanhas. O São Paulo terminou a fase de grupos do campeonato em ridículo nono lugar, entre 16 times.

Classifico­u-se com modestos 15 pontos em 12 jogos, 4 pontos atrás da eliminada Ponte Preta, vítima dos regulament­os criativos de nossa cartolagem.

Ganhou apenas quatro partidas e perdeu cinco.

Já o Ituano somou 17 pontos, com cinco vitórias e as mesmas cinco derrotas.

Ok, não teve resultados tão melhores, mas seu desempenho sim, tem sido superior.

Porque o São Paulo ainda não jogou bulhufas na temporada e o Ituano, ao menos, enfiou cinco no Santos de Jorge Sampaoli, que deu um baile no Tricolor.

Se por um lado, ao menos, o embate deste domingo (24) não é um clássico para atormentar os mandantes incapazes de vencê-los, por outro é em sistema de mata-mata, outro trauma na vida são-paulina nos últimos sete anos, superado 20 vezes.

O duelo terá como maior atração as atuações de dois garotos: Antony, 19, a melhor arma do belicoso e interino Vagner Mancini, contra Martinelli, 17, a revelação do Paulistinh­a-2019.

O Ituano é franco-atirador e o São Paulo, ao contrário, entrará em campo sob enorme pressão.

Como toda e qualquer previsão sobre um jogo de futebol carrega uma alta dose de irresponsa­bilidade, a aqui feita não foge à regra.

Fosse obrigado a apostar, apostaria no Ituano se não necessaria­mente como vencedor do jogo de logo mais, como quem se classifica­rá para as semifinais.

Amanhã tudo pode estar diferente e vocês encontrarã­o reconhecid­o relato dos por quês.

Pois é muito mais fácil comentar o ocorrido do que fazer previsões — e dar a cara a tapa, exercício masoquista que nós, jornalista­s, adoramos fazer.

E em Araraquara?

A chamada Morada do Sol recebe na simpática Fonte Luminosa a outra partida das quartas de final, entre Ferroviári­a e Corinthian­s.

Com campanhas semelhante­s, o time da casa terminou a primeira fase apenas três pontos atrás do Alvinegro.

Joga com a bola no chão e sem medo de cara feia, embora com as limitações técnicas que o rival não tem.

Terá pela frente um Corinthian­s mais forte, confiante, invicto há dez jogos, com seis vitórias, e favorito.

Pela vantagem de jogar em Itaquera o jogo de volta, é de se esperar o modo Carille em ação, cauteloso, capaz de especular em torno do empate como bom resultado e por uma bola que possa significar nova vitória por um gol de diferença, como quatro das seis obtidas nos últimos dez jogos.

Os dois times se enfrentara­m 80 vezes, com 47 vitórias alvinegras e 15 grenás.

Em Araraquara, o retrospect­o é bem mais equilibrad­o, como informa o Almanaque do Timão, de Celso Unzelte: 15 a 10 para o Corinthian­s e 16 empates. A coluna aposta no 17º.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil