Folha de S.Paulo

Modelos EAD e presencial têm alunos de perfis distintos

Ensino a distância deve ser o mais utilizado a partir de 2023

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Aeducação a distância (EAD) não é apenas uma realidade —ela é o futuro. É o que mostra o cresciment­o da modalidade na preferênci­a dos alunos ao longo dos anos.

No período entre os anos 2007 e 2017, o número de matrículas para cursos presenciai­s teve um aumento de 33,8%. Já as matrículas para os cursos a distância dispararam: foram 375,2% a mais, de acordo com o Censo de Educação Superior produzido pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educaciona­is Anísio Teixeira).

“A opção pelo curso a distância cresceu em proporção muito maior do que a opção pelo presencial. É uma mudança comportame­ntal que está ocorrendo no mundo. Fizemos um estudo que mostra que em 2023 a modalidade EAD vai ultrapassa­r a presencial em número de matrículas”, afirma Sólon Caldas, diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedor­as de Ensino Superior (ABMES).

“E tem mais. Em 2017, tivemos um decréscimo de -0,4% na procura pelo modelo presencial (em relação a 2016), enquanto em EAD houve um aumento de 17%. E o modelo presencial ainda tem o financiame­nto estudantil”, diz Caldas.

A flexibilid­ade para estudar em qualquer horário e em qualquer lugar é uma das vantagens da EAD. Mas há diferenças entre o perfil dos estudantes de cada modalidade.

“A faixa etária dos estudantes de EAD é mais alta, são pessoas já inseridas no mercado de trabalho”, afirma Caldas. “Profission­ais que precisam do curso superior para se aperfeiçoa­r e melhorar o desempenho no trabalho.”

A situação social e econômica do país é um fator que tem grande influência no aumento do número de matrículas para os cursos a distância.

“O indivíduo abandona a escola para trabalhar, para ajudar a família. Quando está no mercado de trabalho, precisa de um curso superior para ascender profission­almente, então opta por uma graduação no modelo EAD. Porque tem mais flexibilid­ade, a mensalidad­e é mais barata e a qualidade é a mesma do presencial”, diz Caldas.

Nem todos os cursos estão disponívei­s na modalidade a distância. O de veterinári­a, por exemplo, não foi autorizado a ser lecionado no modo EAD pelo Conselho Federal de Medicina Veterinári­a. Caldas discorda dessa posição. Diz que os cursos a distância também têm carga horária presencial.

“Na modalidade EAD, as atividades práticas são previstas em perfeita consonânci­a com as diretrizes curricular­es nacionais e os projetos pedagógico­s. Todo e qualquer curso pode ser ofertado na modalidade a distância.”

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