Petrobras quer vender 15 das 26 termelétricas
Decisão é parte do plano de desinvestimentos da empresa, que avalia criar uma subsidiária de geração de energia
reuters A Petrobras planeja vender 15 de suas 26 térmicas, em processo que deve começar a partir de 2020, como parte do programa de desinvestimentos e gestão de ativos, disse nesta quarta-feira (14) a diretora-executiva de Refino e Gás Natural da estatal, Anelise Lara, no Rio de Janeiro.
A escolha das 15 térmicas foi resultado de análise do portfólio da empresa, disse a executiva, ao participar de seminário sobre gás natural do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo).
Em entrevista a jornalistas, ela disse também que a Petrobras pode participar do leilão A-6 de projetos de geração de energia elétrica, previsto para 17 de outubro, com entrega de energia em 2025.
“Olhamos sim [o A-6], pode ser em parcerias [com outras companhias]”, disse a executiva, explicando que a empresa poderá participar também como fornecedora de gás natural para projetos.
Os comentários de Lara ecoaram recentes notícias de que a Petrobras avalia criar uma subsidiária de geração de energia com seus ativos termelétricos e vender a unidade em uma oferta inicial de ações, conforme apontado em relatório de analistas da XP Investimentos, que tiveram conversa com executivos da petroleira na semana passada.
A companhia estatal opera um parque de termelétricas que somam capacidade instalada de mais de 6.000 megawatts, o que a coloca entre os maiores geradores de energia do Brasil, segundo o site da empresa.
Enquanto a Petrobras planeja reduzir sua participação no mercado de energia elétrica, outras gigantes do petróleo estão ampliando a presença em ativos do setor, como a anglo-holandesa Shell, grande parceira da estatal brasileira nos campos do pré-sal.
Também presente no evento, o presidente da Shell no Brasil, André Araujo, ressaltou a estratégia da empresa de olhar projetos de energia elétrica em todo o mundo e disse que poderá avaliar as térmicas da Petrobras quando forem colocadas à venda.
“Mercado de eletricidade é estratégico para a Shell agora, considerando a necessidade de eletrificação no mundo. Essa é uma tendência e a Shell vai procurar sem dúvida um espaço nesse setor”, afirmou Araujo.
O executivo também disse que estão avaliando participação no A-6, com “um time dedicado”, mas ressaltou que ainda não há definição sobre a presença no certame.
A Shell anunciou em fevereiro um acordo para ter 29,9% da termelétrica Marlim Azul, que será construída no Rio e ainda tem como sócios Mitsubishi Hitachi Power Systems e Pátria Investimentos.
A executiva da Petrobras disse que a produção de gás natural do Brasil tende a crescer nos próximos anos, em particular entre 2023 e 2025, com a entrada de novos projetos na bacia de Santos.
Lara, que não citou números de crescimento da produção, afirmou que há desafios importantes no abastecimento do mercado e para a abertura do setor, conforme planeja o governo.
De acordo com ela, a petroleira tem trabalhado com o governo e outros agentes para permitir a quebra de monopólios, com a entrada de novos atores, em busca de mais competição e investimentos.
“Para que esse gás possa chegar ao consumidor, são importantes também novos investimentos em infraestrutura, e isso nós vamos fazer em conjunto com os parceiros, que são os demais carregadores desse gás”, afirmou a diretora-executiva de Refino.
Atualmente, a Petrobras compra o gás natural dos parceiros, porque a regulação não permite a entrada de outros carregadores. O governo e a agência reguladora ANP trabalham para revisar esse modelo e permitir a entrada de novos agentes.
“A Petrobras também está se comprometendo a dar acesso a demais carregadores em sua infraestrutura de processamento de gás”, disse Lara, destacando que dessa forma gigantes como Shell, Galp e Exxon poderão comercializar no país gás produzido em campos brasileiros.