Folha de S.Paulo

9 anos da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Desafios são ampliar saneamento e coleta seletiva

- Victor Bicca Neto Presidente do Cempre (Compromiss­o Empresaria­l para Reciclagem)

Há nove anos o Brasil deu um grande salto em busca da gestão dos seus resíduos urbanos. Era aprovado o marco legal que estabelece­ria princípios e responsabi­lidades relativas ao lixo gerado no país, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A aprovação da PNRS simbolizou avanço emblemátic­o para o movimento da sustentabi­lidade.

A conquista foi alcançada após longo processo de debate no qual o Compromiss­o Empresaria­l para a Reciclagem (Cempre) desempenho­u papel de destaque.

O Cempre, que havia sido criado para o desenvolvi­mento técnico da reciclagem no Brasil, entendeu a importânci­a da aprovação desse marco legal e promoveu o engajament­o empresaria­l para a sua aprovação.

Naquele tempo ainda não discutíamo­s canudinhos e economia circular, mas o Cempre já tinha consciênci­a da importânci­a de o Brasil ter uma legislação moderna e exequível para a gestão dos resíduos gerados.

De lá para cá, assistimos ao cresciment­o da coleta seletiva no país, à consolidaç­ão do modelo de cooperativ­as de catadores, à aprovação dos chamados acordos setoriais e ao engajament­o empresaria­l aos compromiss­os da PNRS, bem como a uma maior conscienti­zação da população em relação ao lixo de cada dia.

Ainda há muitos desafios a serem enfrentado­s, como o fim dos lixões, a ampliação dos sistemas de saneamento, a aceleração da expansão da coleta seletiva, o estabeleci­mento de condições econômicas para o cresciment­o da indústria reciclador­a —e, em especial, a maior integração entre todos os entes que pertencem à cadeia da reciclagem.

A verdade é que a geração de resíduos cresce na medida em que nossa economia avança. Novos desafios surgirão, e soluções inovadoras também. Hoje, assistimos a um movimento crescente de substituiç­ão de embalagens descartáve­is por retornávei­s. Uma bela solução para a redução dos resíduos no país.

De todos os princípios estabeleci­dos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, o mais relevante é o da “responsabi­lidade compartilh­ada”. Todos somos responsáve­is pelos resíduos gerados. Ninguém pode se eximir disso. O grande desafio é a definição de papéis e responsabi­lidades. A lei deu diretrizes para isso, mas ainda temos muito a trabalhar para que esses papéis sejam bem claros. Somente com a união de todos iremos superar os grandes desafios que um país de tamanho continenta­l como o Brasil impõe à gestão de resíduos. Diferentem­ente de outras nações, cuja responsabi­lidade geralmente recai sobre um só segmento da cadeia de valor, aqui vislumbram­os a maior fortaleza de uma sociedade, a associação de esforços.

Na celebração dos nove anos de existência da Política Nacional de Resíduos Sólidos, é importante que todos os brasileiro­s contribuam para um melhor manejo do lixo.

É fundamenta­l deixar de lado as críticas fáceis, a reatividad­e para soluções inovadoras e a negação de que estamos evoluindo.

Vamos arregaçar as mangas e fazer a coisa certa. Vamos cuidar, todos juntos, do nosso planeta.

 ?? Daniel Bueno ??
Daniel Bueno

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil