Gibraltar libera navio do Irã que ficou mais de 1 mês retido
EUA haviam pedido que petroleiro seguisse preso no território do Reino Unido
Um navio petroleiro iraniano foi liberado pelo governo de Gibraltar nesta quinta-feira (15), após ficar mais de um mês retido por acusação de violar sanções contra a Síria.
A liberação do navio, chamado Grace 1, ocorreu mesmo após um pedido dos EUA para que a embarcação seguisse presa em Gibraltar, território do Reino Unido que fica no sul da Espanha, na entrada para o mar Mediterrâneo.
O presidente da Suprema Corte de Gibraltar, Anthony Dudley, porém, declarou não ter recebido a solicitação dos Estados Unidos por escrito e autorizou a partida do Grace 1.
A apreensão do navio foi mais um capítulo de uma crise entre Irã e países do Ocidente. A tensão foi elevada depois que os Estados Unidos se retiraram de um acordo internacional que suspendia as sanções ao país islâmico em troca da redução do programa nuclear iraniano.
Gibraltar disse que o Grace 1 era suspeito de vender petróleo para a Síria, em violação às sanções impostas ao país pela União Europeia. Duas semanas depois, a Guarda Revolucionária do Irã apreendeu o navio Stena Impero, de bandeira britânica, no Golfo Pérsico.
Com a liberação, há a expectativa de que o Irã também solte a embarcação que capturou. O destino dos navios está vinculado às diferenças diplomáticas entre as grandes potências da União Europeia e os Estados Unidos.
Gibraltar nega que tenha sido forçada a deter o Grace 1, que transportava até 2,1 milhões de barris de petróleo, mas fontes diplomáticas disseram que os Estados Unidos pediram ao Reino Unido para apreender a embarcação.
Países europeus, incluindo o Reino Unido, discordaram veementemente da decisão de Washington no ano passado de abandonar um acordo internacional que garante o acesso do Irã ao comércio em troca de restrições ao seu programa nuclear.
Washington impôs sanções ao Irã com o objetivo de interromper totalmente suas exportações de petróleo. Já os países europeus suspenderam as sanções contra o Irã, que ainda é proibido de vender petróleo para a Síria, medida em vigor desde 2011.
Desde maio, uma série de ataques a navios no Golfo Pérsico aumentou a tensão na região, uma importante rota de exportação de petróleo. Além do navio britânico apreendido, houve danos a navios dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita.
Em junho, o Irã derrubou um drone dos EUA, sob acusação de que ele teria invadido o espaço aéreo do país, algo negado pelo governo norte-americano.
Frente aos ataques, os Estados Unidos e o Reino Unido passaram a fazer a segurança de navios privados desses países na região do Golfo, o que irritou o Irã.
O almirante Hossein Khanzadi, comandante da Marinha iraniana, repetiu a exigência do Irã de que as marinhas ocidentais deixem o Golfo Pérsico, que, segundo Teerã, deve ser patrulhado apenas pelos países da região, informou a agência iraniana de notícias ISNA nesta quinta.
“Os inimigos da região, os Estados Unidos, a Inglaterra e o regime sionista e seus aliados deveriam saber que acabou a hora de desfilar, perambular e fazer um espetáculo hipócrita na região do Golfo Pérsico e no mar de Omã”, disse Khanzadi, de acordo com a agência de notícias. “Os inimigos devem deixar a região o mais rápido possível.”