Roraima pede reforço na segurança para protesto contra venezuelanos
O prefeito de Pacaraima (RR), Juliano Torquato (PRB), pediu ao governo federal reforço na segurança da cidade neste sábado (17), quando será realizado um protesto contra a entrada de venezuelanos no município.
A data marca um ano dos confrontos em que moradores da cidade agrediram refugiados do país vizinho e queimaram os pertences deles.
“Estamos muito preocupados com a possibilidade de confrontos sérios, há muita população de rua [venezuelanos]”, disse Torquato à Folha.
Ainda está prevista para o sábado a visita do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, o italiano Filippo Grandi, a Pacaraima.
O senador Telmário Mota (PROS-RR) também acha que o risco de conflitos é grande. “Brasileiros e venezuelanos vão para a rua, e há essa predisposição [de conflitos].”
Em grupos de WhatsApp de Roraima têm circulado convocações para o protesto, sublinhando se tratar de uma manifestação pacífica contra a escalada da violência na cidade.
Mota reforçou o pedido de ajuda ao governo federal para conter possíveis confrontos no sábado e defendeu a suspensão da acolhida de venezuelanos em todo o estado de Roraima. Segundo ele, os serviços públicos e a segurança em Pacaraima e no estado estão sobrecarregados.
“Também precisamos de suporte para o prefeito, que acabou de me ligar dizendo que há possibilidade de confrontos entre os munícipes e a população venezuelana. Qualquer coisa que acontecer, o governo federal será responsável.”
Em 18 de agosto do ano passado, Pacaraima se transformou em uma zona de conflito entre brasileiros e venezuelanos, com pedradas, ataques com bombas de gás improvisadas, incineração de pertences de refugiados e destruição de carros dos moradores locais.
Grupos de brasileiros perseguiram refugiados venezuelanos que viviam na cidade e queimaram seus bens após um comerciante local ter sido atacado em uma tentativa de assalto na véspera.
Agredidos com pedaços de pau, os refugiados foram expulsos das tendas que ocupavam na região na fronteira do Brasil com a Venezuela.
Autoridades calculam que Roraima abrigue hoje cerca de 80 mil venezuelanos, refugiados da crise política e econômica no país vizinho.