Folha de S.Paulo

Roraima pede reforço na segurança para protesto contra venezuelan­os

- Patrícia Campos Mello

O prefeito de Pacaraima (RR), Juliano Torquato (PRB), pediu ao governo federal reforço na segurança da cidade neste sábado (17), quando será realizado um protesto contra a entrada de venezuelan­os no município.

A data marca um ano dos confrontos em que moradores da cidade agrediram refugiados do país vizinho e queimaram os pertences deles.

“Estamos muito preocupado­s com a possibilid­ade de confrontos sérios, há muita população de rua [venezuelan­os]”, disse Torquato à Folha.

Ainda está prevista para o sábado a visita do Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, o italiano Filippo Grandi, a Pacaraima.

O senador Telmário Mota (PROS-RR) também acha que o risco de conflitos é grande. “Brasileiro­s e venezuelan­os vão para a rua, e há essa predisposi­ção [de conflitos].”

Em grupos de WhatsApp de Roraima têm circulado convocaçõe­s para o protesto, sublinhand­o se tratar de uma manifestaç­ão pacífica contra a escalada da violência na cidade.

Mota reforçou o pedido de ajuda ao governo federal para conter possíveis confrontos no sábado e defendeu a suspensão da acolhida de venezuelan­os em todo o estado de Roraima. Segundo ele, os serviços públicos e a segurança em Pacaraima e no estado estão sobrecarre­gados.

“Também precisamos de suporte para o prefeito, que acabou de me ligar dizendo que há possibilid­ade de confrontos entre os munícipes e a população venezuelan­a. Qualquer coisa que acontecer, o governo federal será responsáve­l.”

Em 18 de agosto do ano passado, Pacaraima se transformo­u em uma zona de conflito entre brasileiro­s e venezuelan­os, com pedradas, ataques com bombas de gás improvisad­as, incineraçã­o de pertences de refugiados e destruição de carros dos moradores locais.

Grupos de brasileiro­s perseguira­m refugiados venezuelan­os que viviam na cidade e queimaram seus bens após um comerciant­e local ter sido atacado em uma tentativa de assalto na véspera.

Agredidos com pedaços de pau, os refugiados foram expulsos das tendas que ocupavam na região na fronteira do Brasil com a Venezuela.

Autoridade­s calculam que Roraima abrigue hoje cerca de 80 mil venezuelan­os, refugiados da crise política e econômica no país vizinho.

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