Folha de S.Paulo

O partido da direita

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Neste sábado (17), o Partido Social Liberal (PSL) dará início a uma campanha nacional de filiação. A meta é chegar a 500 mil alistados até outubro e a 1 milhão até as eleições municipais de 2020. Hoje, são cerca 271 mil os filiados à sigla que acolheu Jair Bolsonaro, egresso do PSC, em janeiro de 2018.

Com a grande onda direitista do bolsonaris­mo, a legenda, até então sem relevância, atraiu uma legião de candidatos para a corrida eleitoral. De uma hora para outra, elegeu três governador­es e a segunda maior bancada da Câmara Federal, atrás apenas da petista.

As circunstân­cias que levaram ao meteórico inchaço explicam uma das caracterís­ticas marcantes do novo PSL —seu caráter de aglomerado inorgânico de grupos e personalid­ades que se acotovelam, não raro de maneira caótica, em busca de influência, controle de postos e recursos partidário­s.

A sigla, que na última eleição viuse às voltas com denúncias de candidatur­as de fachada, receberá vultosa verba de fundos públicos para os pleitos municipais.

Contribui para as refregas internas a relativa heterogene­idade da militância. Como mostrou levantamen­to feito por esta Folha, cerca de 14% dos filiados já pertencera­m a outros partidos e, em contraste com o antipetism­o e as bandeiras direitista­s, 4% atuaram em agremiaçõe­s identifica­das com a esquerda, como PT, PDT, PSB, PSOL, PC do B, PCB, PSTU e PCO.

Nesse contexto, um dos principais alvos da disputa interna, que ganhou destaque com a recente expulsão do deputado Alexandre Frota (SP), é o controle do partido em São Paulo e a consequent­e definição do candidato à prefeitura da maior cidade do país.

Atualmente o diretório paulista é comandado por Eduardo Bolsonaro, que poderá deixar o posto caso o Senado aprove sua indicação para a embaixada em Washington —nessa hipótese o deputado estadual Gil Diniz, atual vice-presidente, assumiria formalment­e.

No jogo antecipado para a definição das candidatur­as, Frota, que não pode ser acusado de esquerdist­a, já havia declarado simpatia às pretensões da deputada Joice Hasselmann, que enfrenta a oposição do senador Major Olímpio.

Em que pese a dimensão política recém-adquirida, o PSL está longe de ser um partido de massas —é o 15º em número de membros, muito atrás de PMDB (2,4 milhões), e PT (1,6 milhão), os maiores.

Pode vir a se transforma­r na mais expressiva e sólida agremiação de direita do país, a depender, claro, da evolução do projeto político de seu grande cacique, Jair Bolsonaro.

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