Folha de S.Paulo

Bolsonaro critica reportagen­s sobre família de Michelle

- Talita Fernandes, Daniel Carvalho e Danielle Brant Lucio Tavora - 9.jul.19/ Xinhua

A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, está arrasada e abatida com a publicação de histórias envolvendo sua família, entre elas a divulgação de que sua avó foi presa por tráfico de drogas e que dois tios maternos enfrentam problemas com a polícia, afirmou nesta sexta (16) o presidente Jair Bolsonaro (PSL).

Ao sair de um evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro reconheceu que as reportagen­s publicadas pela revista Veja e pelo jornal Metrópoles sobre a família da primeira-dama são verdadeira­s. O presidente questionou, no entanto, o “ganho jornalísti­co” com a divulgação das informaçõe­s.

“Quem ganha com isso? Para que esculachar a minha esposa e dizer que ela não tem legitimida­de para fazer o trabalho social que ela faz? Ela está abatida, arrasada, para que isso?”, disse o presidente.

A avó de Michelle, que ficou dois dias em uma maca num hospital da periferia do Distrito Federal, como revelou a Folha no último sábado (10), foi presa em flagrante no passado por tráfico de drogas.

A revista Veja teve acesso a documentos da 1ª Vara de Entorpecen­tes e Contravenç­ões Penais do Distrito Federal que apontam que, aos 55 anos, ela foi presa em flagrante com pacotes de merla, um subproduto da cocaína.

Maria Aparecida teria confessado o crime, mas, na Justiça, voltou atrás na versão. Ela foi sentenciad­a a cumprir pena em uma penitenciá­ria do Gama, região administra­tiva do Distrito Federal. Lá, foi acusada de subornar um agente para que a levasse para casa.

Ela só deixou a penitenciá­ria, em liberdade condiciona­l, em 1999, após cumprir dois anos e dois meses de prisão.

A revista publicou ainda que a mãe de Michelle, Maria das Graças, tinha dois registros civis, um falso e um verdadeiro.

Ela foi investigad­a pela Delegacia de Falsificaç­ões e Defraudaçõ­es de Brasília e indiciada pela Justiça sob suspeita de falsidade ideológica. O crime prescreveu e o processo foi arquivado.

Sobre a mãe da primeira-dama, o jornal Metrópoles afirma ainda que ela está inscrita em um programa habitacion­al do governo do Distrito Federal com um RG emitido em Goiás que contém informaçõe­s adulterada­s.

Disse que, sob nome falso, consta uma ocorrência de lesão corporal em 2007. Ela teria agredido a pedradas um senhor de 62 anos que seria locatário de Maria das Graças. Ela teria alegado que ele estava com aluguel atrasado.

Segundo a Veja, o tio preferido da primeira-dama, João Batista Firmo Ferreira, sargento aposentado da Polícia Militar de Brasília, foi preso em maio deste ano sob a suspeita de integrar uma milícia na favela onde mora com a avó de Michelle. Ele foi um dos poucos familiares que comparecer­am à posse de Bolsonaro.

O Ministério Público diz que ele e sete outros PMs eram braço armado de uma quadrilha que atuava na venda ilegal de lotes na favela Sol Nascente, por meio de ameaças e eliminação de desafetos. O processo tramita sob segredo de Justiça.

A Veja diz ainda que, nos quase 90 dias em que João Batista está detido na penitenciá­ria da Papuda, em Brasília, o sargento aposentado não recebeu visita ou ajuda de nenhum familiar.

O jornal Metrópoles traz informaçõe­s sobre outro tio materno de Michelle, condenado, em 2018, a pouco mais de 14 anos de prisão por estupro. A denúncia foi feita por duas sobrinhas do tio da primeira-dama, que revelaram que o crime ocorreu quando eram crianças.

O avô materno de Michelle, prossegue o jornal, foi assassinad­o brutalment­e, em investigaç­ão que concluiu que o crime foi latrocínio —roubo seguido de morte.

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Michelle e Jair Bolsonaro durante lançamento de programa de voluntaria­do, em hospital de Brasília

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