Folha de S.Paulo

Deltan tentou emplacar aliado na PGR, indica diálogo

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O procurador Deltan Dallagnol usou o prestígio obtido como coordenado­r da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba para tentar emplacar o procurador regional da República Vladimir Aras, seu aliado no MPF (Ministério Público Federal), como o novo comandante da PGR (Procurador­iaGeral da República). A vaga será deixada por Raquel Dodge em setembro.

Conversas privadas enviadas por fonte anônima ao site The Intercept Brasil e analisadas em parceria com o UOL mostram que Deltan fez lobby com ministros do governo Jair Bolsonaro (PSL), senadores e ao menos três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Nas conversas, Deltan diz, em mais de uma oportunida­de, que havia tratado da candidatur­a de Aras com o ministro da Justiça, Sergio Moro. No dia 14 de abril, às 15h33, dá um retorno: “Peço reserva, mas Moro confirmou pra mim que Vc é o candidato que ele vai defender”.

Em 19 de fevereiro, o candidato pediu ajuda para ter acesso à cúpula do Judiciário: “Vc poderia me apresentar a Barroso e Fachin?”, questionou Aras. “Preciso de aliados no STF”.

Procurada pela reportagem, a força-tarefa da Lava Jato disse que é permitido aos procurador­es “incentivar colegas a se candidatar­em”, “fazer contatos” e “encampar iniciativa­s para a escolha dos melhores candidatos”.

Reiterou que não reconhece as mensagens que lhe têm sido atribuídas e que o material é oriundo de crime cibernétic­o.

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