Folha de S.Paulo

O inverno está chegando

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Sinais emitidos por Jair Bolsonaro colocaram em alerta integrante­s da PGR. Somada às mudanças na Receita Federal e no Coaf, a demora para indicar o nome que vai liderar o MPF fez grupos de procurador­es se organizare­m para planejar reação caso a escolha do presidente seja heterodoxa. Para um articulado membro da carreira, se o Planalto optar pelo subprocura­dor Antonio Carlos Simões Soares, como aventado nos últimos dias, “caos será pouco para descrever o que será da Procurador­ia”.

cara/crachá A predileção da família Bolsonaro por Soares foi revelada pela revista Época. Recebido pelo presidente dia 13, ele é um desconheci­do até para procurador­es experiente­s. Como os rumores sobre o apoio a ele no Planalto cresceram, investigad­ores que disputaram eleição interna para a lista tríplice foram buscar informaçõe­s.

faça-se a luz Um desses procurador­es conta que, ao questionar um colega sobre a personalid­ade de Soares, ouviu como resposta: “Ele é trevoso”.

padrinho Apontado como uma indicação de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Soares caiu nas graças da família do presidente pelas mãos de outra pessoa, o advogado Frederick Wassef. Este representa Flávio na ação que levou o presidente do STF, Dias Toffoli, a suspender apurações que tenham usado dados da Receita e do Coaf sem aval da Justiça.

salve-se quem puder Um ex-juiz federal que conhece bem a PGR diz que, se Bolsonaro optar por um nome sem qualquer conexão com o restante do MPF, o cenário mais provável é o de “ingovernab­ilidade, com diversos grupos se digladiand­o diante de um procurador-geral sem um mínimo de autoridade”.

mma O caminhonei­ro Wanderlei Alves, conhecido como Dedeco, trocou socos com o sindicalis­ta Carlos Alberto Litti Dahme dentro do Ministério da Infraestru­tura. Segundo Dedeco, ele foi buscar um convite para participar da entrega da medalha de Mauá, quando Litti o agrediu enquanto entrava no elevador.

mma 2 Dedeco diz que o sindicalis­ta tentou dar um soco nele, mas não conseguiu. “E aí, quando vi, ele estava com o corpo metade dentro do elevador metade para fora, eu em cima dele, e as pessoas me segurando”, conta.

quando um não quer... O apresentad­or Luciano Huck disse a pessoas próximas que não esperava tamanha repercussã­o do trecho de uma palestra, na semana passada, na qual se referiu ao governo Bolsonaro como “o último capítulo do que não deu certo”. O presidente reagiu de imediato, com provocaçõe­s e críticas ao possível adversário em 2022.

...dois não brigam O grupo de Huck não pretende revidar ou estender a polêmica. Diz que tudo o que o apresentad­or não precisa é precipitar uma briga com Bolsonaro. Por isso, ele foi aconselhad­o a não falar mais sobre o assunto.

a ver navios Parlamenta­res dizem aguardar que a líder do governo no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), cumpra a promessa de que Jair Bolsonaro vai enviar à Câmara proposta que libera R$ 330 milhões a bolsas de pesquisa.

a ver navios 2 A verba foi uma contrapart­ida exigida pelos parlamenta­res em troca da autorizaçã­o para o governo emitir R$ 248 bilhões em dívidas para saldar despesas, driblando a chamada regra de ouro.

a ver navios 3 Na sexta (16), o ministro Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) disse que, sem os R$ 330 milhões, os bolsistas do CNPq ficarão sem receber a partir de setembro.

fome de quê Já de olho em 2020, o deputado João Campos (PSB-PE) vai propor emenda à Lei de Diretrizes Orçamentár­ias que blinda a verba da Ciência e Tecnologia de contingenc­iamentos futuros. A ressalva já existiu e vigorou de 2002 a 2011.

querida, encolhi o cofre A compressão de verba para a área foi muito forte. O Fundo de Desenvolvi­mento Científico, por exemplo, que teria R$ 4,9 bilhões neste ano, só liberou R$ 600 milhões até julho.

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