Folha de S.Paulo

Joice discursa como pré-candidata em mutirão de filiações

- Joelmir Tavares

barueri (sp) Em evento do PSL em Barueri (Grande SP) sem outras estrelas da sigla, a deputada federal Joice Hasselmann discursou como précandida­ta a prefeita de São Paulo em 2020, neste sábado (17), sob aclamação de militantes que participav­am de mutirão para atrair filiados.

Entusiasta em 2018 do voto “BolsoDoria”, a parlamenta­r alfinetou o governador João Doria (PSDB), a quem se referiu como amigo. Lembrou que ele abandonou o mandato de prefeito para disputar o governo e o criticou por ter deixado “um cavalo de Troia” no posto, seu então vice Bruno Covas (PSDB).

“São Paulo precisa de muito mais. São Paulo ainda não foi um caso de sucesso. Ficou aqui tropeçando, aos trancos e barrancos. Vem [Fernando] Haddad pra lá, o outro pra cá, aí o outro vai embora no meio do caminho”, falou Joice, sem mencionar o nome de Doria.

A parlamenta­r, no entanto, também precisaria largar no meio o mandato de deputada se fosse eleita. No palco, ela já antecipou a resposta que dará a esse questionam­ento. “Olha só, uma coisa eu posso garantir: eu sou boa de trabalho. Então, eu vou fazer em um ano do meu mandato muito mais, muito mais, do que qualquer um faria em dois mandatos. Vão ser oito anos em um ano.”

Joice, que entrou sob um coro de “ôôô, a prefeita chegooou”, expressou satisfação e aceitou o título. “Bom, a voz do povo é a voz de Deus, né?” Ela falou aos militantes que é preciso “endireitar São Paulo” e que quer “fazer vereador a dar com o pau” na cidade.

Rindo, caracteriz­ou o lançamento antecipado da pré-candidatur­a como uma “armadilha” dos aliados que organizara­m o evento, algo que não estava programado. Afirmou repetidas vezes que tem ouvido apelos para concorrer ao cargo e que seu nome é lembrado pelo apoio que obteve no ano passado, com mais de 1 milhão de votos.

O encontro partidário ocorreu em um salão de eventos decorado com fotos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e do dirigente nacional da legenda, deputado Luciano Bivar (PE). Na entrada foram inflados dois bonecos gigantes com o rosto deles.

Nos discursos, Bolsonaro foi elogiado, e o PT foi atacado, com declaraçõe­s sobre “varrer a esquerda do país”, no estilo das já proferidas pelo presidente. Joice foi uma das que mais se entusiasma­ram ao exaltá-lo, descrevend­o-o como um homem “com maus modos e bons preceitos”.

“De vez em quando, ele fala umas bobagens. E daí? Eu quero que ele não roube o meu país, é isso que eu quero. Eu não quero um educadinho, um mauricinho ladrão. Eu prefiro, de vez em quando, um brucutu, mas que seja honesto, decente e trabalhe pelo meu país”, disse a deputada, sob aplausos.

O evento foi divulgado como o lançamento no estado da campanha nacional de filiações, mas não contou com nenhum representa­nte da direção do PSL paulista. O deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente, é o chefe estadual da legenda, mas deve deixar o posto para assumir embaixada em Washington.

A organizaçã­o do evento precisou modificar materiais em que Alexandre Frota —expulso do partido e filiado ao PSDB na semana passada— aparecia. Um grande painel colado na entrada do salão ficou com um espaço em branco entre as fotos dos deputados —ali estava impressa antes a imagem do deputado federal dissidente.

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