Por pacote anticrise, Macri substitui o ministro da Economia
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, decidiu neste sábado (17) substituir o ministro da Economia. Sai Nicolás Dujovne, que estava no cargo desde o começo de 2017, e assume Hernán Lacunza, que era ministro da Economia da Província de Buenos Aires, e também integrante do partido do governo.
Há alguns dias havia rumores sobre a saída de Dujovne.
Ele foi responsável por articular o impopular acordo de empréstimo do FMI (Fundo Monetário Internacional), de US$ 57 bilhões, em 2018.
O acordo foi decisivo para ampliar a impopularidade de Macri, pois expôs as dificuldades econômicas do país que não estavam sendo vencidas.
Na ocasião, a inflação vinha em alta, e o acordo com o fundo buscava, entre outras providências, garantir recursos para dar estabilidade ao peso, que se desvalorizou 52% no ano passado.
Outro problema foi o fato de Dujovne ter discordado das medidas anunciada por Macri para tentar reverter sua derrota política no domingo (11), quando perdeu para o candidato kirchnerista, Alberto Fernández, por uma diferença inesperada de 15 pontos e o país entrou em nova crise financeira.
As medidas vão contra a cartilha liberal de Macri e seus aliados, mas foram adotadas na tentativa de reverter a perspectiva de derrota, e dar novo fôlego à candidatura na disputa do primeiro turno, no próximo dia 27 de outubro.
O pacote inclui cortes em impostos, congelamentos, aumento do salário mínimo.
Macri chamou Lacunza para conversar no início da tarde deste sábado. Ao deixar o encontro, o anúncio foi feito.
Para justificar sua oposição ao novo pacote, Dujovne argumentou que o FMI tende a discordar das medidas e interpretar que a Argentina não está cumprindo os requisitos do acordo, que incluem o compromisso de fazer ajustes fiscais e aumentar a arrecadação.
Macri, porém, temendo a derrota nas urnas, insistiu em soltar o pacote, dificultando a permanência de Dujovne.
Ele também era muito atacado pela oposição, pois, em suas declarações de impostos, mostrava abertamente que seus bens familiares estavam todos em investimentos no exterior.
Hernán Lacunza, 49, é economista, formado pela Universidade de Buenos Aires, e já foi gerente-geral e economista-chefe do Banco Central argentino (2005-2010). É conhecido por sua lealdade à governadora de Buenos Aires, Maria Eugenia Vidal, e por seu alinhamento a Macri.
A seleção de um ministério da Economia sempre foi um problema para o presidente argentino. Inicialmente, foi chamado para o cargo o economista Alfonso Prat-Gay.
Porém, por se destacar mais que o próprio presidente e por diferenças de opiniões, Macri decidiu substituí-lo por uma figura mais discreta, Dujovne.
Lacunza, que assume a quatro meses do fim deste mandato, é ainda mais discreto que seu antecessor.