Folha de S.Paulo

Bons ventos em nosso futebol

O Grêmio voltou a jogar bem e reforçou a impressão de que melhoramos

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Se a 14ª rodada do Brasileiro teve jogos alentadore­s em relação à qualidade do espetáculo, Grêmio e Athletico, pelas semifinais da Copa do Brasil, não ficou atrás.

Verdade que mais pela exibição gremista, em novo show de Everton, com participaç­ões especiais do jovem Jean Pyerre e novamente da dupla de zagueiros Geromel e Kannemann, além das de sempre de Maicon.

Sem querer atrapalhar a vida de ninguém, será muito bom que a janela de transações se feche sem que o Cebolinha seja exportado, garantia de diversão nas três competiçõe­s disputadas pelo tricolor gaúcho.

E a perspectiv­a de que venhamos a ter dois Gre-Nais para decidir a Copa do Brasil é animadora, embora, aí, não se deva esperar futebol de qualidade, mas guerra, como têm sido, também, os dérbis paulistas.

Aliás, embora seja cedo para alimentar tal eventualid­ade, poderemos ter Gre-Nais ainda pelas semifinais da Libertador­es, coisa com a qual nem Palmeiras nem Flamengo concordarã­o, ao contrário do que ocorre na Copa do Brasil, aparenteme­nte sem chances para Athletico e Cruzeiro.

Fica aqui uma proposta nada indecente: os gaúchos decidem o torneio nacional e paulistas e cariocas fazem as semifinais do continenta­l.

Já pensou no embate entre Flamengo e Palmeiras?

No Mineirão

Este Cruzeiro e Santos também promete. O time de Jorge Sampaoli sempre protagoniz­a ou coadjuva bons jogos.

O novo time de Rogério Ceni é uma incógnita, mas se precisava de injeção de ânimo, eila: Ceni no lugar de Mano. O Santos tem sabido ganhar de seus cartolas, o Cruzeiro não.

No papel, os mineiros são superiores. Em campo os santistas têm nada menos de 21 pontos à frente, primeiro dos primeiros, enquanto o rival é só o primeiro dos últimos.

No Morumbi

Festa garantida será a do São Paulo, com Daniel Alves estreando no meio de campo e o espanhol Juanfran na lateral.

Até uniforme novo será estreado, celeste em homenagem aos uruguaios que passaram pelo tricolor, craques como Dom Pedro Virgílio Rocha e Darío Pereyra, símbolos de refinament­o futebolíst­ico, ou de raça como Pablo Fórlan e Diego Lugano.

Espera-se que o Ceará não estrague a tarde são-paulina.

Tite convoca

O treinador da seleção chamou Neymar e Philippe Coutinho, embora ambos não estejam jogando.

Para quem acha que futebol é momento, um absurdo.

Se convocasse só Neymar ficaria esquisito mesmo e não há técnico nenhum no mundo que abriria mão de tê-lo, independen­temente de estar ou não em atuação em seu clube.

Tirante, é claro, o alemão Thomas Tuchel, do PSG, que cumpre as ordens do presidente do clube Nasser Al-Khelaifi e deixa o craque de fora.

Que a rara leitora e o raro leitor respondam abstraindo opiniões sobre o comportame­nto infantil e a personalid­ade mimada de Neymar: vocês o deixariam de lado na seleção?

De resto, a convocação de Bruno Henrique é mais que correta e a não convocação de Everton revela o mínimo de sensibilid­ade necessária para não prejudicar o Grêmio.

A aparente pá de cal na carreira de Marcelo no time da CBF é algo incompreen­sível, porque, no meio de campo, ele poderia ser solução. Ousadia demais?

Enfim, cá entre nós, fazer amistosos contra a Colômbia e o Peru acrescenta­m muito pouco, como se fosse uma extensão da recém terminada Copa América. Que, tirante a alegria do título, serviu mesmo só para mostrar que é possível viver sem Neymar.

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