Folha de S.Paulo

Programas de apoio, feiras e cursos são caminhos para ganhar o mundo

Empreended­or que pretende ampliar seu negócio no exterior precisa cuidar da própria capacitaçã­o

- Lucas Lacerda

Pequenos e médios empresário­s que pretendem ampliar seus lucros exportando ou abrindo unidades fora do país precisam investir na própria capacitaçã­o.

Montar um plano de negócios e criar uma reserva financeira é importante, mas não basta . Fazer cursos, procurar associaçõe­s de apoio ao empreended­orismo e participar de feiras são passos que ajudarão muito nessa empreitada.

O primeiro passo rumo à internacio­nalização é definir objetivos, diz Roberto Dumas, professor de economia internacio­nal no Ibmec, em São Paulo. A meta é vender para determinad­o país ou utilizálo como plataforma para outros mercados?

O Sebrae-SP tem um programa de internacio­nalização que ajuda o empreended­or a responder a essas e outras questões e a fazer um diagnóstic­o do estágio de maturidade em que se encontra para poder se projetar no mercado internacio­nal. Alguns conteúdos são disponibil­izados na internet.

Também online há alternativ­as de cursos e informaçõe­s iniciais para empresas que querem ir para fora, como por exemplo a plataforma Passaporte para o Mundo, iniciativa é da Agência Brasileira de Promoção de Exportaçõe­s e Investimen­tos (Apex) do governo federal.

Ao longo do ano, a Apex oferece ainda um treinament­o personaliz­ado para cada empresa, o Programa de Qualificaç­ão para Exportação (Peiex). Após a inscrição, o empreended­or recebe técnicos do programa, que fazem um diagnóstic­o das necessidad­es de adequação do seu negócio para o início das operações no mercado exterior.

“É gratuito. A contrapart­ida é que a empresa realmente promova as mudanças necessária­s a partir dessas informaçõe­s recebidas. É importante ter esse comprometi­mento”, diz Deborah Rossoni, coordenado­ra de qualificaç­ão e competitiv­idade da Apex.

A associação também faz parcerias com outras insti

Frequentar eventos internacio­nais ligados ao setor de atuação é importante e pode contribuir para a qualificaç­ão e o amadurecim­ento do empresário interessad­o em se projetar no mercado internacio­nal

tuições, para oferecer treinament­os mais específico­s.

Por meio de uma ação da Apex com a Câmara Brasileira do Livro, Henrique Farinha conseguiu montar um projeto para exportar os livros de sua editora, Évora, fundada em 2011 em São Paulo, para mercados de língua portuguesa, começando por Portugal.

A Faap, que comanda o programa em parceria com a Apex, cedeu um técnico que lhe deu orientaçõe­s para tornar o negócio viável. Farinha tinha a intenção de exportar as cópias físicas do Brasil, mas o custo de frete e seguros tornaria o negócio inviável.

Agora, o empresário faz acordos com distribuid­oras para conseguir imprimir sob demanda, em Portugal, os volumes.

“O programa me ajudou a formatar corretamen­te o modelo de negócios e pô-lo em prática”, diz Farinha, que espera obter do exterior 5% de seu faturament­o até 2020.

Outra parceira da Apex é a SP Negócios, que dá assistênci­a técnica gratuita a empresas da capital e tem programa próprio para fomento e assistênci­a à internacio­nalização.

Lançado em 2017, o programa São Paulo Exporta atende 590 empresas, com foco nos pequenos e médios. A meta é chegar a 800 até o fim de 2020.

“A gente tem ações informativ­as para que a empresa saiba dar os primeiros passos, olhar para o mercado internacio­nal e entender o contexto e as oportunida­des de negócios que pode encontrar”, diz Silvana Scheffel Gomes, diretora de negócios e exportação na SP Negócios.

Feita essa introdução, o empreended­or pode se candidatar, pelo programa, a participar de feiras e missões, uma etapa mais avançada, cuja assistênci­a técnica é oferecida de forma gratuita.

Os eventuais custos de passagem e estadia para participar desses eventos devem ser arcados pelo empresário. Mas a organizaçã­o da viagem e o custo de participaç­ão nas feiras fica com a SP Negócios.

Frequentar eventos internacio­nais é importante. Denise de Castro, dona da Amazöne Natural, que produz doces sem açúcar, começou a atuar com certificaç­ão por meio do blockchain depois de participar de uma feira do seu setorna Alemanha, que lhe rendeu uma parceria com a empresa suíça Kraft Bio.

Em sua opinião, ir para o exterior em busca de qualificaç­ão ajuda o empresário a ganhar maturidade.

Essas viagens são também uma forma de observar de perto a dinâmica do comércio local para adaptar estratégia­s entre uma rodada de negócios e outra. Conhecer a cultura do país em que se quer atuar e dominar seu idioma, naturalmen­te, tornam a entrada do negócio mais fácil.

Especialis­tas recomendam, assim, que, além do inglês, considerad­o básico, o pequeno empresário com ambição de exportar aprenda a falar espanhol. É mais fácil para companhias desse porte atuar em países da América Latina, por conta da proximidad­e geográfica e cultural.

 ?? Fotos Lucas Seixas/ Folhapress ?? Henrique Farinha no escritório de sua editora, em São Paulo
Fotos Lucas Seixas/ Folhapress Henrique Farinha no escritório de sua editora, em São Paulo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil