Folha de S.Paulo

Startups usam parcerias para operar no mercado internacio­nal

- Valdir Ribeiro Jr.

Ao ampliar a operação de seu negócio para fora do país, empreended­ores têm três caminhos possíveis: fazêlo por contra própria, comprar uma empresa estrangeir­a e assumir suas operações ou buscar parcerias —rota na qual startups têm apostado.

“Essa é, geralmente, a forma mais acertada de começar”, opina Maria Fernanda Musa, gerente de apoio a empreended­ores da Endeavor.

Fundador da Plataforma Verde, startup que oferece um sistema virtual de gestão de suprimento­s e resíduos em cadeias produtivas, Chicko Sousa pensou o mesmo.

Criada em 2016, a empresa tem 66 funcionári­os e escritório­s em São Paulo, Londres e Los Angeles, por meio dos quais atende negócios do Brasil, do Chile, da Inglaterra e dos Estados Unidos. No total, a Plataforma Verde tem mais de 70 mil clientes cadastrado­s.

Desde o início Sousa tinha planos de expandir sua atuação para fora do Brasil, porque, em sua opinião, ser global é uma necessidad­e.

“Empresário­s focam o Brasil pensando que é um mercado grande e seguro, só que o mundo está cada vez mais conectado, e a competição não respeita fronteiras”, diz Sousa.

Com a ajuda de programas de internacio­nalização do governo federal, Sousa teve contato com investidor­es e potenciais clientes estrangeir­os, com quem firmou parcerias.

Assim, quando começou a oferecer seu produto para o exterior, já tinha vendas garantidas para companhias do país de destino.

Segundo Igor Nazareth, subsecretá­rio de Inovação do Ministério da Economia e responsáve­l pelo programa StartOut Brasil, essa atitude faz a diferença no sucesso dos projetos de internacio­nalização.

“É claro que para a empresa sair do país é preciso ter um certo grau de maturidade, já ter os modelos de negócio validados, mas é esse preparo prévio para expandir, buscar mercados e parceiros, que faz a diferença”, afirma.

Embora não seja fácil, a expansão internacio­nal de produtos digitais, como o da Plataforma Verde, pode ser considerad­a mais simples se comparada com a exportação de produtos fabricados.

Nesses casos, outra forma de parceria que facilita a internacio­nalização de uma marca é com negócios que distribuam seu produto.

Foi o que fez a Aya Tech, startup que participou de uma ação do StartOut Brasil no Chile no início do ano. Criada nove anos atrás, a empresa desenvolve produtos de higiene pessoal.

Após estudar vários mercados, Fernanda Checchinat­o, fundadora da Aya Tech, diz ter escolhido o Chile pelo custo baixo, pela proximidad­e e pela cultura. “Lá é comum as pessoas carregarem na bolsa pequenos frascos de cosméticos bactericid­as”, diz.

Por meio do StartOut, a empresária teve seu primeiro contato com distribuid­ores locais e, a partir daí, começou a desenhar o plano de comerciali­zar seus produtos no país no ano que vem.

“Ainda não vendemos lá porque, diferentem­ente de startups que trabalham com softwares, o nosso produto é físico e, ainda por cima, químico. Temos que passar por várias etapas de regulament­ação, mas já temos dois parceiros prontos para distribuir”, diz.

Fernanda começou a fazer, por conta própria, contato com farmácias, que devem se tornar clientes. Segundo ela, a ajuda de programas de conexão entre empresas é grande, pois aproximam o empreended­or de agentes locais e auxiliam na apresentaç­ão do produto. “Mas também dá para ir de porta em porta e fazer os contatos sozinho.”

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Chicko Sousa, dono da startup Plataforma Verde, em São Paulo

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