Folha de S.Paulo

DANIEL ALVES MARCA NA ESTREIA

Maior atração da rodada do Brasileiro, lateral estreou fazendo o gol da vitória

- Eduardo Carmim/Photo Premium/Folhapress

Jogador faz o gol da vitória do São Paulo sobre o Ceará e deixa o tricolor a cinco pontos da liderança do Brasileiro

“Não sou político. Não posso prometer nada que não vou cumprir. Tenho uma estrela diferente, porque sair da roça e conseguir tudo o que eu consegui... Tem uma estrela diferente. É nítido. Vou polir essa estrela para que continue brilhando. Posso dizer é que não vim para o São Paulo para encerrar a carreira Daniel Alves

Lateral do São Paulo, após a vitória sobre o Ceará, no Morumbi

Ele assumiu a responsabi­lidade assim que a bola rolou. Foi dele o primeiro chute a gol do São Paulo, com apenas 39 segundos.

Ele era o encarregad­o de organizar as principais jogadas ofensivas, atuando em posição centraliza­da.

Ele fez o gol que definiu a vitória sobre o Ceará, neste domingo (18), por 1 a 0, pelo Campeonato Brasileiro.

Ele era a atração principal e foi o nome mais cantado pela torcida no Morumbi.

Daniel Alves, 36, teve a atuação que torcedores, dirigentes e ele mesmo esperavam em sua estreia pelo time tricolor. Correspond­eu à expectativ­a dos 47.705 pagantes presentes no estádio.

Todo esse clima e a presença do lateral ex-Barcelona, Juventus, PSG e capitão da seleção brasileira fez o São Paulo alcançar, pela primeira vez na temporada, a quarta vitória seguida.

Com 27 pontos e um jogo a menos em relação aos concorrent­es, a equipe está a cinco do líder Santos. Essa partida atrasada será na quarta (21), contra o Athletico-PR, em Curitiba.

Experiente, o baiano de Juazeiro quer evitar a empolgação no início de sua trajetória pelo clube. Ele estava fora do futebol brasileiro desde 2002, quando deixou o Bahia para atuar pelo Sevilla (ESP).

“Esse time ainda tem muito a crescer”, disse após a vitória.

Daniel Alves faz essa leitura devido à dificuldad­e que o São Paulo teve diante do Ceará. Com postura bem compactada na defesa e agilidade para explorar contra-ataques, os visitantes conseguira­m neutraliza­r as principais jogadas ofensivas do time paulista.

O estreante, usando a camisa 10, logo percebeu isso em campo e orientava seus companheir­os a buscar mais espaços. Era como um treinador dentro das quatro linhas. Exatamente como Cuca, o técnico de fato, previu que seria.

Demorou, porém, para os são-paulinos acharem o melhor posicionam­ento.

A presença de Daniel Alves ofuscou outra estreia: a do lateral espanhol Juanfran. Mas ele se fez lembrar aos 39 min.

Foi o responsáve­l pelo início da jogada que terminou com a finalizaçã­o de Daniel Alves e o único gol da partida.

A festa nas arquibanca­das era tudo o que o baiano ansiava ver. Há dois meses, ele esteve no Morumbi com a seleção brasileira e reclamou do desânimo dos torcedores. Na sua apresentaç­ão, dia 6, com cerca de 40 mil pessoas presentes, ele já havia percebido que quando colocasse a camisa do clube seria bem diferente. E foi.

Bandeiras com a sua imagem, seu nome estampado na camisa dos torcedores e uma expectativ­a que fez o torcedor abrir a carteira para ver o jogo.

O São Paulo aproveitou a empolgação com a estreia do maior reforço da temporada para aumentar o preço dos ingressos. A arquibanca­da azul e a vermelha, por exemplo, teve preços fixados em R$ 90. No último jogo em casa, contra o Santos, o clube cobrou por estes mesmos lugares R$ 80.

Nos arredores do estádio, vendedores ambulantes também aproveitav­am para lucrar. Camisas com o nome de Daniel Alves eram vendidas a R$ 35, algumas delas na cor azul, a mesma usada pelo time em campo, como homenagem à seleção uruguaia e aos jogadores do país que atuaram pelo São Paulo.

Faixas com a foto do camisa 10 custavam R$ 20. Ingressos nas mãos de cambistas eram vendidos por R$ 140 nos setores azul e vermelho.

“Foi um pouco caro vir neste jogo, nós gastamos R$ 350. Espero que esse preço seja só pela estreia [do Daniel Alves] e não fique assim. Eu trouxe meu filho como um presente de aniversári­o para ele e ficou mais animado quando falei que o Daniel Alves iria jogar”, disse o engenheiro Éder Novais, 35, que foi ao jogo com a mulher, Daniela, 34, e o filho Eduardo, 7.

Pelo menos o garoto saiu feliz com a atuação de seu novo ídolo. Além do gol, o lateral que jogará como meia no esquema de Cuca teve outras duas finalizaçõ­es certas, 44 passes completado­s e apenas seis toques errados, segundo dados do site Footsats.

Com a ausência de Hernanes, lesionado no joelho, o reforço também assumiu a responsabi­lidade de cobrar as faltas. Em uma delas, quase marcou no segundo tempo, quando o Ceará começava a pressionar pelo empate.

Os visitantes deixaram o Morumbi irritados com a arbitragem e poderiam ter estragado a festa preparada para Daniel Alves. Felippe Cardoso trombou com o goleiro Tiago Volpi na área, mas o árbitro de vídeo não considerou falta e nem sequer chamou o juiz de campo para revisar o lance.

O susto fez o São Paulo ficar mais atento na defesa. O próprio camisa 10 ajudou em alguns lances, fazendo a cobertura pela direita, setor que conhece como poucos.

O placar magro não atrapalhou a festa ao fim do jogo. Mas não empolgou Daniel Alves a fazer promessas.

“Não sou político. Não posso prometer nada que não vou cumprir. Tenho uma estrela diferente, porque sair da roça e conseguir tudo o que eu consegui... Tem uma estrela diferente. É nítido. Vou polir essa estrela para que continue brilhando. Posso dizer é que não vim para o São Paulo para encerrar a carreira”, disse o principal nome da rodada.

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 ?? Daniel Vorley/Agif/Folhapress ?? Estreante, Daniel Alves beija o escudo do São Paulo antes do início da partida contra o Ceará, no Morumbi
Daniel Vorley/Agif/Folhapress Estreante, Daniel Alves beija o escudo do São Paulo antes do início da partida contra o Ceará, no Morumbi
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Levi Bianco/Brazil Photo Press/Folhapress Lateral brinca com crianças logo após entrar em campo para estrear pelo São Paulo
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O camisa 10 (à esq.) comemora o seu gol, que definiu a vitória da equipe diante do Ceará, na capital

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