Folha de S.Paulo

Morre em SP o empresário e ex-ministro Roberto Gusmão

- Mariana Grazini

Empresário, advogado e político, Roberto Gusmão morreu aos 96 anos, de uma parada cardiorres­piratória, na tarde deste sábado (17), em São Paulo.

Nascido em Belo Horizonte, morou em São Paulo e participou da articulaçã­o da redemocrat­ização do Brasil. Foi presidente da cervejaria Antártica.

Gusmão começou sua trajetória política como presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) em 1947.

Durante sua gestão, no governo de Getulio Vargas, entrou para a campanha nacionalis­ta do petróleo (“O petróleo é nosso”) para a criação da estatal Petrobras.

Foi um dos fundadores da Easp (Escola de Administra­ção de Empresas de São Paulo) da FGV (Faculdade Getulio Vargas) e o primeiro professor de direito trabalhist­a da instituiçã­o. À época, teve Abílio Diniz entre seus alunos.

Depois do golpe militar de 1964, Gusmão teve seus direitos políticos cassados e foi proibido de lecionar.

Em seguida, de acordo com Sérgio Gusmão Suchodolsk­i, presidente do BDMG (Banco de Desenvolvi­mento de Minas Gerais) e neto de Gusmão, o avô começou uma trajetória na iniciativa privada.

Fez parte da operação de compra de uma cervejaria de Ribeirão Preto (SP) pela Antártica e foi presidente da empresa até o final da década de 1970.

Em março de 1983, assumiu a presidênci­a do Badesp (Banco de Desenvolvi­mento do Estado de São Paulo) e foi Secretário de Governo na gestão de Franco Montoro.

Participou do movimento de redemocrat­ização do Brasil, articuland­o a campanha de Tancredo Neves.

Antes da morte do presidente-eleito, Gusmão foi nomeado ministro da Indústria e Comércio. Ficou no cargo por cerca de um ano, na gestão de José Sarney.

“Ele teve um papel muito emblemátic­o nesse processo e transitou pelo meio empresaria­l e político com muito sucesso”, disse Suchodolsk­i.

No final da década de 1990, o advogado participou da fusão da Brahma com a Antártica e atuou na aprovação do processo pelo Cade (Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica).

Ficou no conselho de administra­ção da AmBev até seus 88 anos. Integrou também o conselho da Fundação Antônio e Helena Zerrenner.

De acordo com o neto, Gusmão continuou ativo até os últimos dias de vida. Deixa esposa, bisnetos, quatro filhos, nove netos e amigos.

Enterro e velório do empresário foram realizados no Cemitério do Morumbi, em São Paulo, neste domingo (18).

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