Novos tratamentos contra o ebola curam 90% dos pacientes
nova york | the new york times Em um desdobramento que transforma a luta contra o ebola, dois tratamentos experimentais estão funcionando tão bem que agora serão oferecidos a todos os pacientes na República Democrática do Congo, anunciaram cientistas na última semana.
De acordo com cientistas, 90% dos pacientes podem sair curados do tratamento. As terapias despertam a esperança de que a desastrosa epidemia no leste do Congo possa ser detida e futuros surtos da doença, contidos com maior facilidade.
Oferecer aos pacientes uma cura real “pode contribuir para que se sintam mais confortáveis em buscar cuidados mais cedo”, disse o médico Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, que se uniu à Organização Mundial da Saúde (OMS) e ao governo congolês para fazer o anúncio
A perspectiva deve reduzir consideravelmente a aura de terror que cerca o ebola, um vírus de febre hemorrágica cuja reputação foi determinada por sua letalidade e incurabilidade. Desde que foi descoberto, 40 anos atrás, o vírus vem apavorando a África.
Até agora, muita gente acreditava que contrair o ebola era uma sentença de morte solitária, em meio a estrangeiros vestidos em trajes espaciais, e uma condenação ao sepultamento em uma bolsa plástica cheia de alvejante.
O medo do vírus e a desconfiança quanto aos profissionais de saúde foram obstáculos importantes no combate à disseminação do ebola pelo leste do Congo, onde famílias aterrorizadas muitas vezes escondem pacientes e até atacam as equipes médicas.
A epidemia, que foi declarada uma emergência de saúde pública no mês passado, já infectou 2.800 pessoas, pelo que se sabe até agora, e matou mais de 1,8 mil deles, de acordo com a OMS.
Os novos tratamentos experimentais, conhecidos como REGN-EB3 e mAb114, são coquetéis de anticorpos monoclonais infundidos intravenosamente no sangue.
O REGN-EB3 é produzido pela Regeneron Pharmaceuticals, de Tarrytown, Nova York, que também produz outros tratamentos baseados em anticorpos. O instituto de Fauci, parte dos Institutos Nacionais de Saúde americanos, desenvolveu o mAb114 e licenciou sua produção no ano passado para a Ridgeback Biotherapeutics, uma companhia de Miami.
Anticorpos são proteínas em formato de “Y” normalmente produzidas pelo sistema imunológico, que se acumulam nas crostas externas de partículas virais, impedindo-as de penetrar em células.
As duas novas terapias estão entre as quatro avaliadas em um teste clínico que envolve 700 pacientes. As duas funcionaram tão bem que um comitê que examinou os resultados preliminares sobre os primeiros 499 pacientes recomendou imediatamente que os dois outros tratamentos tivessem o desenvolvimento interrompido.