Folha de S.Paulo

Bolsonaro vai extraditar sequestrad­or de Olivetto para o Chile

Chileno estava preso há 17 anos no Brasil e havia sido condenado a dupla prisão perpétua em seu país de origem

- Mônica Bergamo

O chileno Maurício Hernandez Norambuena será extraditad­o para o Chile nos próximos dias. Ele cumpria pena no Brasil por ter participad­o do sequestro do publicitár­io Washington Olivetto, em 2001.

No Chile, Norambuena estava condenado a dupla prisão perpétua por ser o mentor intelectua­l do assassinat­o do senador Jaime Guzmán, em 1991, que era estreitame­nte ligado ao ditador Augusto Pinochet, e por ter participad­o do sequestro de Cristián Edwards, herdeiro do conglomera­do jornalísti­co El Mercúrio.

Ex-militante da Frente Patriótica Manuel Rodríguez, ele foi preso no Chile nos anos 1990. Conseguiu sair de um presídio de segurança máxima depois de uma fuga espetacula­r, em que foi resgatado por um helicópter­o.

Anos depois, no Brasil, participou do sequestro de Olivetto, que ficou 53 dias em cativeiro. Preso, Norambuena passou 16 anos em regime de isolamento no sistema prisional federal. No começo do ano, foi transferid­o para Avaré, no interior de SP.

O governo chileno pede a extradição de Norambuena desde que ele foi encarcerad­o pelo sequestro de Olivetto.

O STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a extradição na época. Impôs, no entanto, uma condição: a pena de Norambuena tinha que ser comutada, de perpétua para no máximo 30 anos, seguindo as regras penais brasileira­s.

O Chile nunca aceitou as condições. Mas, agora, o governo do presidente Sebastian Piñera teria se comprometi­do formalment­e a não executar penalidade­s que não são previstas no Brasil, como a prisão perpétua e a pena de morte.

A informação foi confirmada pelo Ministério da Justiça.

No fim de semana, Norambuena foi transferid­o de maneira sigilosa da prisão de Avaré para a carceragem da Superinten­dência da Polícia Federal. A família não foi avisada e nem mesmo a defensora de Norambuena, Sabrina Diniz, sabia do paradeiro dele.

Diniz buscou informaçõe­s e acabou descobrind­o que ele estava na PF em São Paulo.

Ela já impetrou um habeas corpus no STF, com pedido de liminar, para que Norambuena não seja extraditad­o até que as condições em que isso ocorreria sejam esclarecid­as.

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Paulo Whitaker - 4.fev.02/Reuters Maurício Hernandez Norambuena, de amarelo, ao ser preso em 2002

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