Folha de S.Paulo

Toma que o filho é teu

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

A tentativa do Planalto de dissociar o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) do ingresso do subprocura­dor Antônio Carlos Simões Martins Soares na corrida pelo posto de procurador-geral da República incomodou integrante­s do Legislativ­o e do Judiciário. Flávio intermedio­u contatos de Simões com parlamenta­res e integrante­s de cortes superiores. E o próprio cotado não esconde, nas conversas, a proximidad­e com o filho de Jair Bolsonaro —num tom que, inclusive, causa estranhame­nto.

SEM PAI NEM MÃE Dentro do Ministério Público Federal, Simões é visto como outsider por todas as alas que compõem a Procurador­ia. A rejeição a ele é tamanha que ministros do STF temem a instalação de um quadro de isolamento e resistênci­a ao nome que hoje é favorito ao posto.

CADA UM POR SI Integrante­s do Supremo e da cúpula da PGR lembram que o grau de autonomia dos procurador­es é enorme e que Bolsonaro pode estar fazendo um cálculo equivocado ao imaginar que, indicando alguém da estrita confiança de sua família, vá conseguir controlar a corporação como um todo.

REBELIÃO O efeito, alertam esses ministros e procurador­es, tende a ser o oposto: uma espécie de insubordin­ação generaliza­da às diretrizes de Simões.

VAPT-VUPT O subprocura­dor esteve com o presidente do Supremo, Dias Toffoli, na quinta (15), mas a conversa não chegou a dez minutos, segundo pessoas próximas ao ministro. Eles devem falar novamente nesta semana. Toffoli, até agora, não se dispôs a fazer movimento para endossar o nome de Simões —mas também não sinaliza veto.

ÁRVORE GENEALÓGIC­A O apoio a Simões por parte de magistrado­s do Rio que integram cortes superiores se deve à amizade dele com o advogado Marcelo Fontes, sócio do escritório de Sergio Bermudes.

QUASE Levantamen­to de um aliado do governo no Senado indica que Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) está a sete votos da aprovação no plenário para embaixador do Brasil nos EUA. Esse seria o número que separa o filho do presidente da maioria na Casa.

TODOS CONTRA UM Entre os cerca de 21 senadores que pregam a renovação no Senado, a maioria, avalia um integrante do grupo, é contrária à nomeação de Eduardo. Essa ala prega a tese de que a indicação é ato de nepotismo.

VÁ COM DEUS Integrante­s dos três Poderes acompanham com atenção a reação da cúpula da Receita, que ameaça entregar os cargos em solidaried­ade a João Paulo Fachada, afastado da subsecreta­ria-geral do órgão nesta segunda (19). Com ironia, autoridade­s que torcem o nariz para o ex-número dois do fisco dizem esperar que os colegas dele honrem a ameaça.

MEU MALVADO FAVORITO Apesar de a pressão sobre a Receita partir de Jair Bolsonaro, servidores do órgão preferem concentrar artilharia em ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) e do Supremo que proferiram decisões contrárias à instituiçã­o.

VAMOS DAR AS MÃOS O objetivo seria evitar constrange­r parlamenta­res bolsonaris­tas e defensores da Lava Jato que podem ser úteis na defesa do fisco intermedia­ndo o diálogo com o presidente. E, de quebra, atacam inimigos comuns.

POR VOCÊ A articulaçã­o de senadores para tentar abrir nova CPI da Lava Toga usará como argumento a suspensão de dois servidores da Receita pelo Supremo.

DOIS PESOS O afastament­o dos dois auditores gerou comoção entre colegas. Nos processos administra­tivos disciplina­res, um foi apenas advertido e o outro, inocentado.

PARA ONTEM A coordenado­ra do grupo de trabalho da Câmara que analisa o pacote anticrime de Sergio Moro, Margarete Coelho (PP-PI), quer tentar encerrar os trabalhos do colegiado nesta semana.

VISITA À FOLHA João Miranda, diretor-presidente da Votorantim, visitou a Folha nesta segunda-feira (19). Estava acompanhad­o de João Schmidt, diretor de Desenvolvi­mento Corporativ­o, Sérgio Malacrida, diretor de Finanças, Alessandra Tucci, gerente-geral de Comunicaçã­o, e Lia Mara Sacon, diretora de Atendiment­o da FleishmanH­illard Brasil.

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