Folha de S.Paulo

Subprocura­dor disse que democracia era ‘verdadeiro embuste’

- Gustavo Uribe, Rubens Valente e Talita Fernandes

Num texto publicado em 2014 em uma revista de direito, o subprocura­dor da República Antonio Carlos Simões Martins Soares, chamou a democracia de “um verdadeiro embuste” e disse que a maioria dos meios de comunicaçã­o só a defende “mais por interesses próprios do que por convicção ideológica”.

Intitulado “A farsa da democracia”, o texto de Soares divulgado pela revista Justiça & Cidadania afirma que “a democracia tal como é hoje praticada nos países ocidentais e imposta ao resto do mundo como modelo de regime político se apresenta como um verdadeiro embuste”.

“A começar pelo acesso aos mandatos eletivos, passando pelo espaço nos veículos de comunicaçã­o, a disputa entre candidatos se mostra inteiramen­te desigual”, escreveu Soares, que na época ocupava o cargo de procurador regional da República no Rio —hoje ele está na PGR, em Brasília.

O procurador diz, no texto, que “o acesso e a manutenção do poder nas democracia­s ocidentais depende decisivame­nte do desempenho da mídia nos períodos eleitorais”.

Para ele, “dessa interação espúria entre eleitos e a imprensa audiovisua­l nasce uma relação de cumplicida­de, tornando ambos parceiros inseparáve­is do jogo político”.

Em outro texto para a mesma publicação, intitulado “A inefetivid­ade das leis”, Soares afirma que “nosso corpo de legislador­es”, em referência ao Congresso, “nem é dado à reflexão e muito menos guiado pelo interesse público”.

Em linhas gerais, ele afirma que muitas leis não são cumpridas no Brasil porque seriam malfeitas e que “nunca foi tão importante em nossa história republican­a questionar a lei como resposta aos conflitos sociais e interpesso­ais”. Ele escreveu o artigo no primeiro ano do governo Dilma Rousseff (2011-2016).

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