Folha de S.Paulo

Pia venceu com veteranas, mas tem missão de renovar

- Bruno Rodrigues

Aos 41 anos, a meiocampis­ta Formiga manifestou o desejo de disputar a Olimpíada de 2020, em Tóquio, quando já terá completado 42. Cristiane, com 34, e Marta, com 33, também se colocaram à disposição para jogar.

A julgar pelo histórico da nova técnica da seleção brasileira, Pia Sundhage, as veteranas podem ficar tranquilas. Tanto na seleção dos Estados Unidos como na da Suécia, a treinadora apoiou parte importante de seus trabalhos nas atletas mais experiente­s.

Nesta terça-feira (20), a treinadora fará a sua primeira convocação na seleção. A equipe disputará um amistoso contra a Argentina, dia 29 de agosto, no Pacaembu.

Para sua primeira Olimpíada com as americanas, em Pequim-2008, Sundhage levou uma equipe com média de idade de 25,6 anos. O índice não é alto, mas nove jogadoras daquele elenco estiveram na conquista do ouro nos Jogos de Atenas, em 2004.

Na Olimpíada de 2012, em Londres, a seleção feminina dos EUA manteve a base da edição anterior —18 atletas— e, mesmo envelhecid­a, faturou o ouro novamente. A média de idade da equipe em 2012 foi de 28,1 anos.

Capitã e símbolo da geração mais vitoriosa dos EUA no futebol, Christie Rampone se tornou em Londres, aos 37 anos, a primeira americana a disputar quatro edições das Olimpíadas com a seleção.

Além dela, outras cinco atletas já tinham superado a marca de 100 partidas pela equipe.

“Pia preferia consistênc­ia à experiment­ação. Ela mostrou muita confiança nas jogadoras veteranas”, diz à Folha a jornalista Caitlin Murray, dos jornais The New York Times e The Guardian e que é autora do livro “The Inside Story Of The Women Who Changed Soccer”, sobre a história da seleção feminina americana.

À frente da seleção da Suécia, a treinadora Pia Sundhage utilizou o mesmo padrão de convocaçõe­s, ao trazer para o elenco nomes importante­s do futebol local para ajudá-la no início do trabalho.

A meio-campista Therese Sjögran, jogadora que mais vezes vestiu a camisa da seleção sueca, com 214 partidas, não defendia a equipe nacional havia mais de um ano quando Pia a convocou para a Eurocopa de 2013.

A técnica queria da experiente meia sua “última gota de suor” e que também a ajudasse a administra­r o vestiário.

Sjögran ainda jogaria mais duas temporadas com a seleção até anunciar a aposentado­ria após a eliminação na Copa do Mundo de 2015.

“Ela [Pia] é muito motivadora. Pode te pedir para atravessar uma parede e você vai acreditar nela. Ela vai inspirar as mais jovens e fazer com que as mais velhas sintam ainda mais alegria e paixão pelo jogo”, conta à Folha Therese Sjögran, hoje diretora do FC Rosengard, da Suécia.

Sob o comando de Pia, a seleção sueca, que conquistou a medalha de prata no Rio, em 2016, tinha média de idade de 27,6 anos. Das 18 convocadas, cinco tinham mais de 100 jogos pelo time nacional.

Com média de idade de 27,9 anos na última Copa, a seleção brasileira era a segunda mais velha, atrás apenas das americanas, com 28,7 anos.

Com pouco menos de um ano para os Jogos de Tóquio, Pia prometeu renovar a seleção, mas descartou mudanças radicais para o grupo não “perder a confiança”.

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