Folha de S.Paulo

Saúde suplementa­r é parte da solução

Oferta segmentada de cobertura ampliará o acesso

- Vera Valente e Reinaldo Scheibe Diretora-executiva da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementa­r) Presidente da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde)

O sistema de saúde brasileiro, cuja crise não é nova, sofre ainda mais com a estagnação econômica e o desemprego, que aumentam a demanda sobre o SUS. A saúde suplementa­r é parte indispensá­vel da solução.

Até 1998, a saúde suplementa­r não era regulada no Brasil. A lei 9.656/1998 resultou em maior segurança jurídica e definição mais clara de direitos e deveres. No entanto, após duas décadas, como é natural em qualquer setor regulado, a legislação demanda urgente atualizaçã­o.

As discussões se desenrolam há anos e envolvem diversos agentes e visões. Elas são debatidas abertament­e tanto em fóruns setoriais quanto no Congresso, onde tramitam centenas de projetos que atualizam as regras. Operadoras são parte indissociá­vel da discussão, junto com reguladore­s, legislador­es, prestadore­s, fornecedor­es e consumidor­es. Nosso objetivoé comum: ampliar oacessoà saúde.

Isso nãoébomape­n aspara asem presas,ébomp ara todos. Valelembr arque, de acordo comdi ferentes pesquisas, o acesso aplano de saúde é um dos maiores desejos da população. Nos últimos quatro anos, cerca de 3 milhões de pessoas deixaram de contar com planos privados. Na maioria, passaram a dispor apenas do SUS.

As entidades representa­tivas do setor vêm buscando soluções deforma transparen­te e legítima. Consideram­os que um dos principais objetivos deve ser viabilizar­a voltada oferta de planos individuai­s, que hoje representa­m fatia pequena do mercado —80% do ingresso é feito por meio de planos coletivos.

A experiênci­a internacio­nal demonstra que um arcabouço legal que permita oferecer um leque maior de opções de cobertura é fundamenta­l para ampliar o acesso, na medida em que possibilit­a segmentar a oferta e, assim, adequar os preços a perfis específico­s de usuários. Hoje, infelizmen­te, isso não é possível.

Há outras iniciativa­s importante­s. A primeira é diminuir custos, combater fraudes e evitar desperdíci­os que contribuem para o cresciment­o das despesas em ritmo bem acima dos índices gerais de inflação.

A segunda é criar incentivos à atenção primária, de forma a investir na prevenção e evitar o agravament­o das doenças. Já a terceira é dispor de um órgão regulador, no caso a Agência Nacional de Saúde Suplementa­r, com independên­cia, autonomia e qualificaç­ão técnica, que dê mais estabilida­de e segurança jurídica a todos os envolvidos.

A consequênc­ia, desejável e possível, será a redução dos preços finais.

A pior forma de tentar resolver um problema é fingir que ele não existe. A aprovação da reforma da Previdênci­a permite que, no passo seguinte, avancemos rapidament­e nas discussões em torno da atualizaçã­o do marco legal da saúde suplementa­r.

Temos plenas condições de caminhar para um modelo de saúde que propicie aos cidadãos mais qualidade de vida, em que se somem os sistemas público e suplementa­r. A hora é agora.

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