Folha de S.Paulo

Ministério estende vacina do sarampo a bebês em todo o país

Como em SP, crianças de 6 meses a 11 meses e 29 dias deverão ser imunizadas; Brasil já registrou 1.845 casos

- Júlia Zaremba e Patrícia Pasquini

Bebês com idades de 6 meses a 11 meses e 29 dias deverão ser vacinados contra o sarampo a partir desta quinta (22) em todo o Brasil. Trata-se de uma medida do Ministério da Saúde, anunciada nesta terça (20), para combater o surto da doença no país.

O estado de São Paulo já vinha vacinando bebês nessa faixa etária que residem ou têm viagens programada­s para municípios com casos da doença.

Em 2019, foram confirmado­s 1.845 casos de sarampo em todos os estados, de acordo com dados divulgados nesta tarde pelo ministério.

Os índices indicam uma tendência de redução nos casos: foram 1.008 em julho, ante 197 até 18 de agosto.

Crianças menores de um ano, faixa mais suscetível ao sarampo, correspond­em a 14% dos infectados, com 228 casos de 19 de maio a 19 de agosto. A faixa mais atingida é de 20 a 29 anos.

São Paulo concentra a maior parte dos casos —espalhados por 74 municípios—, seguido por Rio de Janeiro e Pernambuco.

Não foram confirmada­s mortes em decorrênci­a da doença neste ano. Durante todo o ano passado, houve 10.330 registros de sarampo.

Essa vacina para bebês de 6 meses a 11 meses e 29 dias, chamada de “dose zero”, deve atingir 1,4 milhão de crianças, segundo o secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Wanderson de Oliveira. A dose extra já era recomendad­a no estado de São Paulo.

Ela não substituir­á as doses que fazem parte do calendário nacional de vacinação. Ou seja: crianças ainda deverão tomar a vacina tríplice viral aos 12 meses e a tetraviral ou tríplice viral associada à varicela aos 15 meses.

Não se trata de uma campanha de vacinação, mas de uma ação preventiva, segundo o secretário. Por isso, diz, não é preciso haver corrida aos postos de saúde. Haverá um reforço de mais de 1,6 milhão de doses de vacina para atender ao público.

O secretário atribui o surto da doença à baixa cobertura vacinal, que pode ter sido potenciali­zada por notícias falsas sobre vacinação. A Folha revelou em junho que o Brasil tem 7 das 8 principais vacinas infantis com cobertura abaixo da média.

Oliveira também nega que as doses oferecidas fora do calendário oficial sejam mais fracas ou fracionada­s.

O ministério orienta ainda aos estados que seja feito um bloqueio vacinal seletivo em todos que tiveram contato com pessoas com suspeita de sarampo em até 72 horas.

A pasta vai reforçar ações contra a doença nas próximas semanas, o que inclui fazer reuniões com governos locais e com especialis­tas. Em outubro, será realizada uma campanha nacional de multivacin­ação.

Em março, após um ano sem conseguir interrompe­r a transmissã­o do sarampo, o Brasil perdeu o status de país livre da doença. O reconhecim­ento havia sido concedido pela Opas (Organizaçã­o Panamerica­na de Saúde) em 2016.

O sarampo é uma doença grave e contagiosa que pode ser transmitid­a por meio do contato direto com secreções da pessoa infectada ou pelo ar.

Febre alta, tosse, coriza, manchas avermelhad­as na pele e manchas brancas no interior das bochechas são alguns dos sintomas.

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