Folha de S.Paulo

Violonista autodidata, tornou-se mestre do choro

JOSÉ CARLOS DA SILVA (1944-2019)

- Patrícia Pasquini

Apesar do reconhecim­ento nacional e internacio­nal como violonista e compositor, a vaidade nunca ganhou espaço na vida de José Carlos da Silva, conhecido como Carlinhos 7 Cordas.

A esposa, Alcione Tomé, 71, com quem ele ficou casado por 42 anos, conta que o marido era humilde e espirituos­o. “Ele brincava com todo mundo, achava graça em tudo e não levava nada muito a sério.”

Já com a saúde debilitada, o músico dizia às enfermeira­s do hospital que cuidassem bem dele para que pudesse ver a primeira neta biológica nascer. A filha Paula Tomé dará à luz a menina em novembro.

José Carlos da Silva foi apelidado de Carlinhos 7 Cordas em Itaperuna, no Rio de Janeiro. Aos 22 anos, teve a oportunida­de de conhecer uma roda de choro e se apaixonou. Um ano depois, conquistou o primeiro lugar num concurso como cantor e com o dinheiro do prêmio comprou seu primeiro violão de sete cordas, que aprendeu a tocar sozinho.

Em 1977, mudou-se para Brasília e conheceu Alcione logo que chegou à cidade.

Lá, foi descoberto pelo mestre do cavaco, Waldir Azevedo, com quem fez turnê pela Europa e gravou dois discos. O músico também lançou o CD autoral “Carlinhos 7 Cordas 50 anos de Choro” e teve participaç­ões como violonista em outros dez álbuns.

Azevedo, de quem se tornou amigo, e o compositor e arranjador brasileiro Pixinguinh­a eram seus ídolos musicais.

O futebol também teve espaço em seu coração. Flamenguis­ta apaixonado, assistia a todos os jogos.

Carlinhos 7 Cordas morreu no dia 15 de agosto, aos 75 anos, de parada cardíaca. Deixou a esposa e três filhos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil