Fila em creches da capital aumenta 282% até setembro
são paulo | agora A fila por vagas em creches municipais na cidade de São Paulo aumentou 282% entre o início do ano e setembro. No fim do mês passado, 75.267 crianças aguardavam ser chamadas, contra 19.679 em 31 de dezembro de 2018.
Em contrapartida, a oferta de vagas na capital subiu apenas 0,92% no período (3.100 vagas foram criadas neste ano). O percentual é o mais baixo de desde 2014.
Os dados foram divulgados nesta segunda (14), pela Prefeitura de São Paulo. A meta da gestão Bruno Covas (PSDB) é criar 85,5 mil novas matrículas até o fim de 2020. Até o fim de setembro foram geradas 52,8 mil vagas. Para cumprir a meta, a prefeitura precisa abrir cerca de 74 vagas por dia até o fim do próximo ano (o equivalente a 32.657 matriculas).
Apesar do aumento da fila em 2019, a atual demanda por vagas em creches representa quase metade da espera em setembro 2017, no primeiro ano da gestão João Doria (PSDB), que atualmente é governador, quando havia 132.365 crianças esperando por vagas nas creches públicas.
O número de alunos matriculados também é o maior dos últimos cinco anos, com 337.022 crianças.
Pela primeira vez, a prefeitura separou os dados com as crianças que aguardam ser chamadas daquelas que conseguiram vaga, mas os pais abriram mão e voltaram ao fim da fila porque preferem escolher a creche onde ficarão seus filhos.
Das 75.267 crianças na fila de espera, apenas 4.189 se encaixam no segundo caso.
Para a coordenadora de projetos da ONG Todos pela Educação, Thaiane Pereira, a cidade evoluiu bastante para reduzir a fila de vagas em creches, uma vez que atingiu a meta do Plano Nacional de Educação de ter ao menos 50% das crianças matriculadas nos municípios.
Thaiane afirma, entretanto, que para as políticas públicas de educação serem efetivas, é necessário mapear quais famílias mais precisam do serviço, que tipo de creches são necessárias e em quais regiões há maior demanda.
“As creches precisam ser majoritariamente para as famílias que mais necessitam, desde as com menor nível socioeconômico até as uniparentais, quando há apenas um responsável pela casa”, afirma.
A coordenadora também diz que, no segundo caso, geralmente a pessoa responsável pela casa necessita deixar seus filhos em uma creche que atenda por no mínimo oito horas. “Um tema de política pública não deveria ter de ser levado à Justiça”, diz.
Mães e pais que não conseguem vagas para seus filhos em creches municipais têm procurado a Defensoria Pública do Estado. Segundo dados da Defensoria, foram 3.611 atendimentos para este tipo de pedido em 2019.
A operadora de caixa Valdineia dos Santos, 33, está na fila por uma vaga para seu filho de cinco meses desde maio. Ela foi pela segunda vez buscar ajuda na Defensoria.
A primeira foi em 2018, quando seu filho mais velho, hoje com dois anos, tinha nove meses de idade. “É um problema, pois minha licença termina na semana que vem e eu preciso trabalhar”, diz.
A Secretaria Municipal de Educação diz que a demanda atual é a menor para o período de toda a série histórica (desde 2007). “O número de vagas é o maior já registrado, com 338,8 mil crianças atendidas”, afirma.
“Para fins de comparação, nos últimos cinco anos foram criadas 112 mil vagas”, diz a nota da secretaria, que afirma ser “incorreto avaliar períodos diferentes de atendimento”.
“O trabalho constante de adequação da oferta conforme a procura tem garantido que a abertura de vagas seja a mais significativa da história da cidade”, diz.
Diz ainda que está desenvolvendo uma plataforma para compartilhar informações com a Defensoria Pública, que será entregue em dezembro —em julho, a Defensoria afirmou que a prefeitura não havia disponibilizado senha e nem capacitado funcionários para o início da parceria.