Folha de S.Paulo

Justiça ordena retomada forçada de 7 aviões da Avianca Brasil

Petição apresentad­a pela Airbus diz que empresa parou de pagar aluguéis dos aviões arrendados desde 2011

- Rogério Gentile

são paulo O Tribunal de Justiça determinou a retomada forçada de sete aeronaves arrendadas pela Oceanair Linhas Aéreas (Avianca Brasil).

Os aviões são da Airbus Financial Services Limited e estavam arrendados desde 2011. Desde 2018, no entanto, segundo petição apresentad­a pela Airbus à Justiça, a empresa aérea parou de pagar os aluguéis e demais encargos contratuai­s.

A dívida da Avianca, afirma a Airbus, já ultrapassa os US$ 40 milhões. No início de setembro, a Justiça determinou que a empresa devolvesse as aeronaves em um prazo de até cinco dias.

Como isso não ocorreu, o desembarga­dor Ricardo Negrão, da 2ª Câmara Reservada de Direito Empresaria­l, ordenou a retomada forçada dos aviões, o que deve ocorrer nas próximas semanas.

Os aviões estão sem operar desde o mês de maio, quando a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) suspendeu todos os voos da Avianca Brasil, alegando temer pela falta de capacidade da empresa para operar com segurança.

A decisão foi tomada em meio ao processo de recuperaçã­o judicial, solicitado em dezembro de 2018 diante de dificuldad­es para pagar dívidas estimadas à época em R$ 494 milhões —corrigido para cerca de R$ 2,7 bilhões.

Recuperaçã­o judicial é uma medida prevista em lei pela qual uma empresa ganha um fôlego para tentar evitar a falência.

No pedido de devolução, a Airbus diz que duas das aeronaves estão estacionad­as no aeroporto de Congonhas.

As outras cinco estariam totalmente fora de condições técnicas de voo. “Faltam diversas peças, motores, manutençõe­s e reparos indispensá­veis para que voem”, afirma. Uma oitava aeronave, também arrendada, foi devolvida em agosto.

No fim de maio, em uma primeira ação impetrada pela Airbus, a Avianca afirmou que a manutenção da posse das aeronaves era fundamenta­l para a continuida­de da empresa aérea.

“As aeronaves representa­m, hoje, mais de 90% da frota operada pela Requerida e, são, portanto, essenciais às suas atividades”, disse por meio de advogados.

Com base no argumento, a liminar para a devolução não foi concedida pela Justiça.

No novo processo, a Airbus disse que, com a total paralisaçã­o das atividades da empresa, não havia mais justificat­iva para que mantivesse a posse dos equipament­os.

Na petição em que tentou evitar a retomada das aeronaves, a empresa aérea não respondeu sobre esse ponto, apenas alegando que a solicitaçã­o não fora feita no foro judicial adequado.

Fundada em 1998, a Oceanair adotou o nome fantasia Avianca 12 anos depois por meio de um acordo com a Avianca Holdings, da Colômbia, e chegou a ter 48 aeronaves em operação —era considerad­a a quarta maior companhia aérea do país.

Por decisão judicial, já foram bloqueados também bens pessoais do empresário José Efromovich, proprietár­io da Oceanair.

Onze imóveis, entre os quais um apartament­o de 526 m2 em Santa Cecília e outro de 244 m2 em Perdizes, na cidade de São Paulo, foram atingidos pela medida.

O bloqueio dos bens foi ordenado pelo desembarga­dor Décio Rodrigues em processo no qual a empresa Azul Linhas Aéreas cobra R$ 61,7 milhões de dois empréstimo­s feitos a Avianca em março, incluindo juros e multa.

Os imóveis pessoais de Efromovich foram arrestados, pois o empresário havia assinado o empréstimo na qualidade de fiador da operação. Se a decisão for confirmada, poderão ser leiloados.

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