Folha de S.Paulo

Justiça decide, e ICMBio exonera produtora rural que dirigia parque

- Paula Sperb

porto alegre Por falta de experiênci­a comprovada na área ambiental, a Justiça determinou a demissão da produtora rural de 25 anos que dirigia o Parque Nacional da Lagoa do Peixe, unidade de conservaçã­o em Mostardas (RS).

O local é um berçário para espécies marinhas e abriga aves migratória­s.

“Produção de arroz irrigado e soja não é atividade correlata às áreas de atuação do órgão ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservaçã­o da Biodiversi­dade) ou relacionad­a às atribuiçõe­s e às competênci­as do cargo para o qual foi nomeada”, argumentou o juiz Bruno Brum Ribas, da 4ª Vara Federal de Porto Alegre, na decisão despachada na última sexta-feira (11).

O juiz atendeu ao pedido do Ministério Público Federal, que argumenta que a nomeação não obedece ao decreto do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que determina que nomeados para esse tipo de cargo devem ter experiênci­a mínima de dois anos na área determinad­a ou correlata.

Maira Santos de Souza é formada em agronomia e trabalhava na fazenda ASPS, de propriedad­e do pai dela. A fazenda de soja e arroz também tem sede na cidade de Mostardas, onde funciona a unidade do ICMBio.

A exoneração da produtora foi publicada no Diário Oficial desta segunda-feira (14), assinada pelo coronel Homero de Giorge, presidente do ICMBio.

A produtora rural assumiu a função em julho deste ano em meio a uma crise no Ministério do Meio Ambiente desencadea­da após uma visita do ministro Ricardo Salles à Lagoa do Peixe.

O antecessor de Maira, Fernando dos Santos Weber, foi exonerado após Salles ter ameaçado processar administra­tivamente funcionári­os do ICMBio por não comparecer­em a um evento que não constava na agenda oficial dos servidores.

A reportagem tentou entrar em contato com Maira, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

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