Inhotim busca superar crise, diz que não vai fechar portas e inaugura obra monumental
são paulo O Instituto Inhotim, museu a céu aberto em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, enfrentou uma série de contratempos nos últimos anos.
Em janeiro deste ano, o rompimento de uma barragem de dejetos da mineradora Vale, no Córrego do Feijão, inundou Brumadinho de lama e causou a morte de 251 pessoas.
Antes disso, o museu já enfrentava problemas. Em janeiro de 2018, um surto de febre amarela na região fez com que a visitação caísse em um quarto em relação à média esperada. Em 2017, seu fundador, o empresário Bernardo Paz, foi condenado em primeira instância a nove anos de prisão soba acusação de ter cometido lavagem de dinheiro.
A situação financeira do museu refletiu esse cenário. Sua receita líquida caiu em um terço entre 2016 e 2018, e resultou em um aviso de “dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional do Instituto”, repetido nos relatórios contábeis de 2017 e de 2018.
O Inhotim vai, então, fechar? “Não existe a menor chance de isso acontecer”, responde Antonio Grassi, diretor-presidente do instituto.
“Não vou dizer que tudo é um mar de rosas”, emenda. “Esses pontos de observação [do relatório] dizem respeito à dependência das leis de incentivo, e vivemos uma insegurança em relação a elas no final do ano passado. Mas conseguimos mostrar para as pessoas que o Inhotim não foi soterrado.”
Apesar de tímidos, os números de visitação corroboram a f ala deGr as si. O total devi sitantes de janeiro a setembro deste ano supera em 8% odo mesmo período do ano passado.
Não tão tímidos, os patrocínios também engordaram desde o rompimento da barragem. Segundo o museu, o Itaú aumentou seu apoio de R$ 1,5 milhão para R$ 3,5 milhões. A Vale, de R$ 2 milhões para R$ 4,9 milhões. A quantidade de patrocinadores saltou de 10 para 12.
Em consequência, o valor captado via lei Rouanet neste ano até agora foi de R$ 10,6 milhões, R$ 2,3 milhões a mais do que no ano passado.
As boas notícias vêm acompanhadas de uma série de inaugurações no próximo dia 9, depois de um hiato de quatro anos desde a expansão vertiginosa que caracterizou o início do museu. A mais importante delas é uma obra de grandes dimensões do escultor Robert Irwin.
A estrutura octogonal de 14 metros de diâmetroéa maior construção do artista americano do pós-guerra que, explica o diretor artístico Allan Schwartzman, é famoso por criar“ambientes” que alteram apercepção do espaço.
Além disso, o Inhotim anuncia um projeto semestral, que comissiona obras a artistas nacionais. Os primeiros convidados são Lucia Koch e Rommulo Conceição.
Por fim, a obra de Matthew Barneyquep assava por restauros será reaberta, assim como as galerias de Tunga e de Yayoi Ku sama—umes paço ded ica doà japonesa obcecada por bolinhas está previsto para 2020.
Não que a situação esteja de “Sombra e Água Fresca”, para usar o nome do novo jardim que abre ao público nesta onda de novidades.
Em tempos de crise econômica e diminuição dos apoios destinados ao setor cultural, “a perenidade do museu está nas mãos da sociedade”, diz Grassi. “Seguimos em busca de patrocínios.”