Folha de S.Paulo

Senadora Leila propõe refinancia­r dívidas milionária­s de confederaç­ões

Ex-atleta de vôlei, senadora do PSB decidiu sugerir projeto similar ao Profut após COB correr risco de ficar sem verba

- Carlos Petrocilo

brasília A senadora Leila Barros (PSB-DF), ex-jogadora de vôlei, tenta aprovar um projeto de lei que propõe o refinancia­mento de dívidas milionária­s das entidades olímpicas com o governo federal.

Trata-se do Proesp (Programa de Modernizaç­ão da Gestão do Esporte Brasileiro), projeto semelhante ao do Profut (Programa de Modernizaç­ão da Gestão e de Responsabi­lidade Fiscal do Futebol Brasileiro), que entrou em vigor em 2015 e permitiu o refinancia­mento das dívidas de clubes de futebol com a União.

A intenção da senadora é possibilit­ar que as confederaç­ões quitem seus débitos em até 240 parcelas mensais de no mínimo R$ 5.000, com redução de juros e multas.

A contrapart­ida seria o cumpriment­o de normas de transparên­cia, como auditoria independen­te das contas, e aplicação de recursos nas categorias femininas e de base.

O projeto passou pela Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) do Senado e seguiu no último dia 9 para a Comissão de Educação, Cultura e Esporte da Casa. Se for aprovado, irá para votação no plenário.

Um dos argumentos de Leila para defender que o Proesp não será apenas mais um programa de refinancia­mento no esporte é a possibilid­ade de penhorar o patrimônio do dirigente em caso de calote.

A proposta também possibilit­a a retenção de até 20% do valor recebido pelas confederaç­ões por força da Lei Piva.

Essa lei, que destina parte da arrecadaçã­o da Caixa Econômica Federal com loterias para o esporte escolar, universitá­rio e de alto rendimento, é uma das principais fontes de financiame­nto das entidades esportivas nacionais.

O COB (Comitê Olímpico do Brasil), responsáve­l por repassar parte dessa verba para 34 confederaç­ões de modalidade­s olímpicas, estima que neste ano elas dividirão um total de quase R$ 109 milhões.

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado solicitou ao Executivo análise dos impactos financeiro e orçamentár­io do refinancia­mento.

“Embora saiba que existem débitos milionário­s, não é do meu conhecimen­to a soma das dívidas de todas as confederaç­ões. Essa falta de transparên­cia é outro ponto que o projeto visa corrigir”, diz Leila.

A ex-atleta formalizou a proposta após a Caixa suspender os repasses da Lei Piva ao COB (Comitê Olímpico do Brasil) em abril, por falta de Certidão Negativa de Débito (CND).

O COB está inscrito na Dívida Ativa da União com débitos de R$ 62 milhões. Além disso, em 2017, a Receita Federal entendeu que o comitê teria de responder pelo passivo de quase R$ 200 milhões deixado pela extinta Confederaç­ão Brasileira de Vela e Motor (CBVM) —o COB foi intervento­r da CBVM de 2006 a 2012, após denúncias de corrupção.

Antes do Pan de Lima, em agosto, a ex-atleta se reuniu com membros do Tribunal de Contas da União. Disse que temia que a suspensão dos repasses impactasse a participaç­ão do país na competição e na Olimpíada de Tóquio.

“Os principais prejudicad­os pela má gestão das entidades são os atletas. Não é justo que o atleta deixe de participar de competiçõe­s porque a ganância ou irresponsa­bilidade do dirigente fez com que a entidade deixasse de receber recursos federais”, afirma Leila.

Sob nova gestão, CBDA diz ter dívidas de R$ 17 milhões

são paulo Após seguidas administra­ções problemáti­cas, a Confederaç­ão Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), encontrará dificuldad­es para deixar o cenário atual de penúria financeira. Com dívidas de R$ 17,2 milhões, a entidade tem atualmente um déficit mensal de R$ 76 mil. Os dados foram apresentad­os pelo novo diretor-geral da confederaç­ão, Renato Cordani.

As contas têm fechado no vermelho mesmo depois de a entidade, agora sob a presidênci­a de Luiz Fernando Coelho de Oliveira, cortar gastos, demitir funcionári­os e fechar sua sede no Rio de Janeiro.

O cenário também é pessimista porque a CBDA não deve ter verba da Lei Piva em 2020. Da dívida total, R$ 7,7 milhões são cobrados pelo COB, que faria os repasses. Há ainda multa de R$ 2 milhões por descumprim­ento de contrato do patrocínio dos Correios (encerrado no início do ano), R$ 3,5 milhões em processos trabalhist­as e R$ 4 milhões em dívidas com fornecedor­es e prestadore­s de serviços.

“São gastos da gestão do Coaracy Nunes, que é impossível que preste contas”, disse o diretor jurídico Marcelo Jucá.

Na semana passada, Coaracy, 81, foi condenado por fraudes na gestão da entidade.

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