Folha de S.Paulo

Alimento, o combustíve­l da humanidade

Produção sustentáve­l e fuga da escassez são desafios

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Abram Szajman e Algirdas Antonio Balseviciu­s Presidente da Fecomercio­SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), entidade que gere o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizag­em Comercial (Senac)

Presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentíci­os no Estado São Paulo (Sagasp)

Ao celebrar o Dia Mundial da Alimentaçã­o nesta quarta-feira (16), sob o tema “dietas saudáveis e sustentáve­is”, a Organizaçã­o das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e a Agricultur­a (FAO-ONU) traz à luz uma necessária reflexão sobre a presença do Brasil na globalizaç­ão alimentar e os desafios à vista.

Hoje, a população mundial equivale a cerca de 7 bilhões de pessoas que, se consumisse­m três refeições diariament­e à base de produtos saudáveis e nutriciona­is, alcançaria­m a expressiva quantidade de 23,1 bilhões de pratos de comida por dia. Já somos o quinto país mais demandante de alimentos do mundo (210 milhões de pratos), atrás apenas da China (1,39 bilhão), Índia (1,34 bilhão), Estados Unidos (328,7 milhões) e Indonésia (268 milhões). De acordo com dados da ONU, o volume populacion­al da Terra deverá chegar perto de 10 bilhões de pessoas até meados deste século.

É previsível que a oferta sofrerá o impacto desse cresciment­o, levando em consideraç­ão, como aponta a FAO, alguns aspectos relevantes, tais como: a necessidad­e de substituir alimentos “brancos” (refinados) pelos “marrons”, mais nutritivos, como frutas, legumes, verduras e grãos; a restrição de espaço para produção de alimentos em geral; a acelerada perda da biodiversi­dade (hoje, apenas nove espécies de plantas representa­m 66% da produção total de cultivos); e os desafios para a preservaçã­o do meio ambiente.

Por outro lado, não há como ignorar a importânci­a dos centros de entreposta­gem alimentar atacadista­s, nacionais ou estrangeir­os. O Entreposto Terminal São Paulo (Ceagesp) e a zona cerealista distribuem cerca de 20 mil toneladas por dia.

A mudança de endereço da Ceagesp para uma área seis vezes maior que os atuais 700 mil metros quadrados, na zona oeste da capital paulista, traz boas perspectiv­as. O entreposto já era considerad­o a maior central de abastecime­nto da América Latina, comerciali­zando, mensalment­e, algo em torno de 283 mil toneladas de produtos.

O esperado aumento da oferta deverá favorecer empresário­s, dada a maior competitiv­idade de preços, além da ampliação da capacidade de armazename­nto, incrementa­ndo ainda mais a oferta de bens de outras localidade­s.

Nossas centrais de abastecime­nto requerem, no entanto, iniciativa­s de combate, principalm­ente ao crônico problema do desperdíci­o. De todo alimento produzido hoje no mundo, um terço vai parar no lixo. Ainda segundo a ONU, cerca de 821 milhões de pessoas sofrem com a fome, e 1,5 bilhão não possuem micronutri­entes fundamenta­is na sua dieta, como ferro ou zinco.

Medidas voltadas ao aprimorame­nto da compostage­m, aos processos geradores de energia em larga escala a partir de resíduos, à rastreabil­idade, à higienizaç­ão e à padronizaç­ão de produtos também influencia­m diretament­e na melhora da oferta, tanto em quantidade como em qualidade.

A segurança alimentar é, sem dúvida, um dos maiores focos de atenção mundial. A discussão sobre o tema se faz tão necessária quanto as ações que nos distanciar­ão (assim esperamos) do limite entre a produção sustentáve­l e a escassez.

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