Após manobra do PSDB, CPI convoca testemunha
são paulo Às vésperas do seu encerramento, a CPI da Assembleia Legislativa de São Paulo que apura suspeitas de irregularidades na Furp (Fundação Paulista para o Remédio Popular) aprovou nesta terça (15) a convocação de uma testemunha que havia sido adiada por uma manobra da base do governo João Doria (PSDB).
Por unanimidade, os deputados da comissão decidiram que o engenheiro Luiz Roberto Beber deve depor na próxima semana ao colegiado.
Ele é considerado personagem essencial para entender o processo de construção da fábrica da Furp em Américo Brasiliense (SP) durante governos tucanos. A obra é foco de suspeitas de corrupção.
Apesar de o nome de Beber não estar envolvido no escândalo, foi após a sua exoneração como assessor técnico da fundação que os indícios de irregularidades na obra começaram a aparecer.
A convocação foi aprovada pela CPI após a Folha revelar que uma manobra da deputada Carla Morando, líder do PSDB na Assembleia e aliada de Doria, colocou em xeque a viabilidade do depoimento no prazo necessário.
Carla não integra a comissão e participou de reunião no último dia 8 como integrante eventual em substituição ao deputado Cezar (PSDB), que havia faltado. Na sessão, ela pediu vista do requerimento que convocava Beber.
Além dela, estava na reunião o líder do governo, Carlão Pignatari (PSDB), que também não é integrante da CPI.
Luiz Roberto Beber atualmente trabalha na Prefeitura de São Bernardo do Campo. O prefeito da cidade no ABC Paulista é o tucano Orlando Morando, marido de Carla.
Quem protocolou o pedido de convocação foi o presidente da CPI, deputado Edmir Chedid (DEM).
A reunião desta terça foi a última em que havia possibilidade de aprovar convocações na CPI. Na próxima terça (22) deve acontecer o depoimento do engenheiro. Em 29 de outubro, Alex de Madureira (PSD) terá que entregar um relatório final, que deve ser votado antes de 9 de novembro.
Beber foi exonerado, segundo sindicância da Furp, em 2007, após conflitos com o consórcio responsável pela obra da fábrica. Ele disse que após sair da Furp “se prontificou a prestar esclarecimentos aos novos gestores, mas nunca foi contratado”.
Foi após a saída de Beber que começaram os episódios suspeitos de corrupção, relatados em delação de executivos da Camargo Corrêa firmada com o Ministério Público de São Paulo, sob sigilo.
A Secretaria de Saúde tem dito que está à disposição para colaborar com as investigações em relação à Furp. A reportagem não conseguiu contato com Beber.