Crivella não paga R$ 250 mi ao BNDES e pede ajuda a Guedes
rio de janeiro A Prefeitura do Rio deixou de pagar, em setembro, R$ 250 milhões referentes à parcela dos juros de sua dívida com o BNDES. Em crise, está pedindo ao governo Bolsonaro permissão para adiar para fevereiro o pagamento das prestações que iriam de outubro a dezembro. Os valores somam R$ 400 milhões.
Na quarta (2), o prefeito Marcello Crivella viajou a Brasília para pedir ao ministro da Economia, Paulo Guedes, autorização para pagar apenas em 2020 os juros da dívida da cidade com o BNDES. O ministro encaminhou o caso ao banco.
Em nota, a prefeitura afirma que sempre pagou os juros rigorosamente em dia e que vai honrar sua dívida com a instituição, mas “vem solicitando desde 2017 junto ao BNDES um refinanciamento”. “A Prefeitura pleiteia junto ao banco que as parcelas de outubro de 2019 a janeiro de 2020 sejam pagas, com a devida correção, em fevereiro de 2020”, diz a nota.
Desta forma, acrescenta, “seria possível evitar a sobrecarga do caixa do Município nesta virada de ano, onde haverá necessidade de se preparar a cidade para o próximo verão, com obras em infraestrutura e conservação”.
Em nota, o BNDES informou que “está solicitando as garantias relacionadas à parcela vencida em setembro de financiamento junto à prefeitura do Rio de Janeiro”.
Diz ainda que “uma vez que os pagamentos forem retomados, o Banco está à disposição do município para renegociar os valores”.
O governo Crivella argumenta que não poderá arcar com serviços públicos caso o pagamento não seja adiado.
Em defesa do adiamento, Crivella diz também que investimentos em obras após desastres naturais que atingiram a cidade este ano tiveram impacto no caixa.
A ideia é prorrogar o prazo para fevereiro, para que a prefeitura possa contar com recursos do IPTU de 2020.
De acordo com a página de transparência do BNDES, a Prefeitura do Rio tem R$ 5,6 bilhões em financiamentos contratados com o banco, a maior parte em projetos de infraestrutura voltados à Olimpíada de 2016.
Quase metade do valor (R$ 2,7 bilhões) está concentrada em apenas um contrato, assinado em 2014, referente a melhorias na infraestrutura de mobilidade urbana, com obras no entorno do estádio do Engenhão, no Parque Olímpico e na ligação das vias de ônibus Transolímpica e Transbrasil.
O BNDES não informa, porém, quantas parcelas desses contratos já foram quitados.
Crivella tem tentado renegociar desde o início de seu mandato. Em 2017, publicou em redes sociais vídeo afirmando que o então presidente Michel Temer havia determinado ao banco que sentasse à mesa de negociações para discutir o tema.
Em janeiro, reclamou que a Olimpíada deixou um legado de despesas impagáveis. “Só para o BNDES eu tinha que pagar R$ 6 bilhões em quatro anos. Já paguei R$ 2,5 bilhões e faltam R$ 3,5 bilhões. Isso é impossível”, disse.