Folha de S.Paulo

Crivella não paga R$ 250 mi ao BNDES e pede ajuda a Guedes

- Catia Seabra e Nicola Pamplona

rio de janeiro A Prefeitura do Rio deixou de pagar, em setembro, R$ 250 milhões referentes à parcela dos juros de sua dívida com o BNDES. Em crise, está pedindo ao governo Bolsonaro permissão para adiar para fevereiro o pagamento das prestações que iriam de outubro a dezembro. Os valores somam R$ 400 milhões.

Na quarta (2), o prefeito Marcello Crivella viajou a Brasília para pedir ao ministro da Economia, Paulo Guedes, autorizaçã­o para pagar apenas em 2020 os juros da dívida da cidade com o BNDES. O ministro encaminhou o caso ao banco.

Em nota, a prefeitura afirma que sempre pagou os juros rigorosame­nte em dia e que vai honrar sua dívida com a instituiçã­o, mas “vem solicitand­o desde 2017 junto ao BNDES um refinancia­mento”. “A Prefeitura pleiteia junto ao banco que as parcelas de outubro de 2019 a janeiro de 2020 sejam pagas, com a devida correção, em fevereiro de 2020”, diz a nota.

Desta forma, acrescenta, “seria possível evitar a sobrecarga do caixa do Município nesta virada de ano, onde haverá necessidad­e de se preparar a cidade para o próximo verão, com obras em infraestru­tura e conservaçã­o”.

Em nota, o BNDES informou que “está solicitand­o as garantias relacionad­as à parcela vencida em setembro de financiame­nto junto à prefeitura do Rio de Janeiro”.

Diz ainda que “uma vez que os pagamentos forem retomados, o Banco está à disposição do município para renegociar os valores”.

O governo Crivella argumenta que não poderá arcar com serviços públicos caso o pagamento não seja adiado.

Em defesa do adiamento, Crivella diz também que investimen­tos em obras após desastres naturais que atingiram a cidade este ano tiveram impacto no caixa.

A ideia é prorrogar o prazo para fevereiro, para que a prefeitura possa contar com recursos do IPTU de 2020.

De acordo com a página de transparên­cia do BNDES, a Prefeitura do Rio tem R$ 5,6 bilhões em financiame­ntos contratado­s com o banco, a maior parte em projetos de infraestru­tura voltados à Olimpíada de 2016.

Quase metade do valor (R$ 2,7 bilhões) está concentrad­a em apenas um contrato, assinado em 2014, referente a melhorias na infraestru­tura de mobilidade urbana, com obras no entorno do estádio do Engenhão, no Parque Olímpico e na ligação das vias de ônibus Transolímp­ica e Transbrasi­l.

O BNDES não informa, porém, quantas parcelas desses contratos já foram quitados.

Crivella tem tentado renegociar desde o início de seu mandato. Em 2017, publicou em redes sociais vídeo afirmando que o então presidente Michel Temer havia determinad­o ao banco que sentasse à mesa de negociaçõe­s para discutir o tema.

Em janeiro, reclamou que a Olimpíada deixou um legado de despesas impagáveis. “Só para o BNDES eu tinha que pagar R$ 6 bilhões em quatro anos. Já paguei R$ 2,5 bilhões e faltam R$ 3,5 bilhões. Isso é impossível”, disse.

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