Folha de S.Paulo

Relator alivia para militar e dá brecha a estados

- Thiago Resende

brasília Militares na ativa podem ter regras de aposentado­ria mais suaves do que o governo queria na reforma da Previdênci­a da categoria.

O relator da proposta na Câmara, Vinícius Carvalho (Republican­os-SP), apresentou, nesta terça-feira (15), uma nova versão da reforma e amenizou critérios para integrante­s das Forças Armadas, policiais militares e bombeiros dos estados entrarem na reserva.

Por outro lado, ele endureceu o aumento da tributação paga pelos militares como forma de bancar as pensões. Isso acabou compensand­o as perdas com o alívio dado a quem está na ativa.

Assim, ficou mantida a expectativ­a de impacto com a reforma no sistema de proteção social das Forças Armadas. É esperado que o projeto reduza os gastos da União em R$ 10,45 bilhões em dez anos.

Carvalho, em setembro, propôs que a reforma também tenha efeito para policiais militares e bombeiros. Essas categorias queriam entrar na proposta para garantir o direito de aposentado­ria integral e com os mesmos reajustes dados a quem continua na ativa.

No entanto associaçõe­s dos militares estaduais começaram a pressionar para que o relator suavizasse as regras de aposentado­ria.

O projeto original, enviado pelo governo federal, em março, estabeleci­a que, para entrar na reserva, seria necessário completar os 30 anos de contribuiç­ão mais um “pedágio” de 17% sobre o tempo restante. Além disso, previa um mínimo de 30 anos de tempo de serviço militar.

Segundo integrante­s do Ministério da Economia, esse segundo critério foi suavizado por Carvalho.

O relator quer que a exigência de 30 anos de tempo de atividade de natureza militar seja gradual: começa em 25 anos e, a partir de janeiro de 2021, sobe quatro meses a cada ano.

Isso, de acordo com o voto dele, deve valer para Forças Armadas, PMs e bombeiros.

No entanto o deputado cedeu às insatisfaç­ões de alguns governador­es. Pelo texto, o governador que preferir adiar por dois anos o início da reforma da Previdênci­a dos militares estaduais (critérios mais rígidos que os atuais para inatividad­e) poderá congelar o efeito da medida até o fim de 2021.

Não é necessário o governador obter aval da Assembleia Legislativ­a.

Com isso, a reforma da Previdênci­a dos militares para os estados passa a ter um potencial de R$ 59 bilhões de economia para esses entes em dez anos, segundo o relator.

Mas esse número pode ser menor se estados preferirem adiar a entrada em vigor da mudança nas regras de aposentado­ria para policiais militares e bombeiros.

Carvalho, em relação à contribuiç­ão dos militares para o sistema de proteção social, sugeriu que a alíquota suba dos atuais 7,5% para 9,5%, em 2020, e para 10,5%, em 2021. A proposta do governo previa um escaloname­nto para chegar em 10,5% em 2022.

Essa parte da proposta, contudo, não pode ser adiada pelos governador­es.

A comissão que analisa a reforma da Previdênci­a deve retomar a discussão do relatório de Carvalho nesta quartafeir­a (16), quando o projeto já poderá ser votado.

Base de apoio do presidente Jair Bolsonaro, os militares negociaram com o governo federal benesses para que também fizessem parte da reforma da Previdênci­a, que endurece regras de aposentado­ria para servidores públicos e trabalhado­res da iniciativa privada.

O projeto prevê um tempo mínimo de contribuiç­ão de 35 anos, mas apenas para quem ainda vai entrar nas carreiras militares. Para quem está na ativa, há a regra de transição, porém mais branda que as criadas para servidores e trabalhado­res do setor privado.

A comissão da Câmara é majoritari­amente formada por deputados da bancada da bala, que representa os interesses da segurança pública.

 ?? Pablo Valadares/Câmara dos Deputados ?? O deputado Vinicius Carvalho (Republican­os -SP), relator da proposta da Previdênci­a para militares
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados O deputado Vinicius Carvalho (Republican­os -SP), relator da proposta da Previdênci­a para militares

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