Folha de S.Paulo

Senado aprova partilha de recursos do megaleilão do pré-sal de novembro

Considerad­o fundamenta­l para aprovar reforma da Previdênci­a na próxima semana, projeto segue para sanção de Jair Bolsonaro

- Ricardo Della Coletta

brasília O Senado Federal aprovou nesta terça (15), por 68 votos a 0, o projeto que distribui entre a União, estados e municípios os recursos do megaleilão do pré-sal de novembro, uma medida que representa um alívio para os cofres dos entes subnaciona­is.

Após a votação desta terça-feira, o projeto segue para a sanção do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O aval do Legislativ­o para a partilhado­s recursos do leilão do pré-salé considerad­o no Senado como fundamenta­l para possibilit­ara aprovação do segundo turno da reformada Previdênci­a na próxima semana.

O Congresso já havia aprovado uma PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão), em 26 de setembro, para permitir que os recursos fossem repartidos entre União e os demais entes subnaciona­is. Agora, o projeto avalizado define os critérios dessa divisão.

As regras de partilhado dinheiro do leilão foram definidas em uma longa negociação entre deputados, que atuar ampara ampliar afatiados municípios, e senadores, que trabalhara­m para beneficiar os estados.

O entendimen­to levou à aprovação da proposição na Câmara em 9 de outubro.

O bônus de assinatura do leilão que definirá o direito de produzir em quatro reservas descoberta­s pela Petrobras na Bacia de Campos é de aproximada­mente R$ 106,6 bilhões.

Uma fatia (R$ 33,6 bilhões) ficará coma Petrobras, sendo que o restante será compartilh­ado entre União e os entes subnaciona­is.

Pelo texto aprovado, 30% do montante deve ser dividido igualmente entre estados e municípios.

O acordo prevê que aparcela destinada aos municípios( cerca de R $11 bilhões) será repartida respeitand­o as normas do FPM (Fundo de Participaç­ão dos Municípios).

Já no caso dos estados a divisão dos outros R$ 11 bilhões deve ocorrer segundo a seguinte composição: 10% pelos critérios do FPE (Fundo de Participaç­ão dos Estados), 2,5% do Fex (Auxílio Financeiro para Fomento das Exportaçõe­s) e 2,5% da Lei Kandir.

A Lei Kandir prevê compensaçã­o a estados pela isenção de ICMS sobre as exportaçõe­s. Uma parte dos recursos é distribuíd­a com base em percentuai­s definidos em 2002, de acordo com as exportaçõe­s à época, mas outra parte leva em consideraç­ão uma tabela definida pelo Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária) e que é alterada anualmente.

Ficou estabeleci­do ainda que o Rio de Janeiro receberá 3% do bolo da União, a título de estado produtor.

Cálculos da Consultori­a de Orçamento do Senado indicam, por exemplo, que o estado de São Paulo terá direito a cerca de R$ 632,6 milhões. O Rio de Janeiro, por sua vez, receberá R$ 178,2 milhões, além dos quase R$ 2,2 bilhões na qualidade de estado produtor.

Na sessão desta terça, alguns senadores do Norte e Nordeste se queixaram que o acordo de divisão dos recursos alcançado na Câmara privilegia as unidades da federação do Sul, Sudeste e Centro-Oeste.

Essa foi a razão que levou esses parlamenta­res a patrocinar uma emenda que visava aumentar a fatia devida aos estados do Norte, Nordeste e do Distrito Federal.

No entanto, ela foi rejeitada sob o argumento de que qualquer alteração na redação devolveria o projeto à Câmara dos Deputados, o que colocaria em risco a sanção da lei antes da data do leilão (6 de novembro).

“Se eu tivesse que fazer um relatório e tivesse tempo para aprovarmos, teria algumas emendas a fazer”, disse o senador Omar Aziz (PSD-AM), relator da matéria. “Mas nós não temos tempo para fazer essas mudanças.”

Aziz também elogiou o presidente Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes (Economia), ao alegar que é a primeira vez que a União aceita abrir mão de parcela de recursos de um leilão de petróleo para ajudar estados e municípios.

“Eu estou colocando aqui, senadores, a defesa desse projeto, porque nunca aconteceu, na história do Brasil, de você ter uma distribuiç­ão de recursos do jeito que está sendo feita. Nós temos que ser verdadeiro­s”, disse o relator.

O texto pactuado permite ainda que municípios possam destinar os recursos para investimen­to ou para cobrir dívida previdenci­ária parcelada ou para a criação de reserva financeira para pagamento de despesa com fundos previdenci­ários de servidores públicos. Já os estados poderão usar os recursos para pagar dívidas previdenci­árias e para investir.

Apesar de a proposição ter recebido amplo apoio no Plenário por ser de interesse dos estados e municípios, houve reações da oposição à equipe econômica.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), criticou o fato de o governo ter comunicado senadores de que não haverá mais um repasse que havia sido prometido a estados e municípios, relacionad­o à Lei Kandir, da ordem de R$ 4 bilhões.

“Se eu tivesse que fazer um relatório e tivesse tempo para aprovarmos, teria algumas emendas a fazer. Mas nós não temos tempo Omar Aziz relator da matéria

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