Mais carioca das vovós, fazia gol nos filhos e mimava netos
MARISA BALLOUSSIER ANCORA DA LUZ (1938-2019)
rio de janeiro Não importava se repetia a história pela milésima vez, Marisa sempre se emocionava ao contar o que sentiu ao conhecer o amor de sua vida: vergonha.
Marisa, 17, se preparava para o vestibular em arquitetura. Arnaldo, 20, cursava o segundo ano de engenharia. Esbarraram-se num baile de formatura no Rio dos anos 1950. Ele foi por acaso: descolou o convite com um desistente.
O relacionamento dos dois durou 63 anos. Por seis décadas moraram no mesmo prédio em Santa Teresa, onde criaram os filhos e mimaram os netos, que dormiam acampados em colchonetes na sala repleta dos bibelôs que Marisa tanto amava, entre eles o menor dominó de ferro do mundo (ela jurava que era).
Toda habilidade que lhe faltava na cozinha Marisa tinha para as artes. Com ela, até casca de ovo virava ingrediente em colagens e pinturas.
Desde miúda, frequentava centros espíritas e umbandistas com a mãe. Toda festa de Cosme e Damião era na Tenda Espírita Estrela D’Alva, onde ajudava a distribuir doces para a criançada do morro da Mangueira. Natal era outra data favorita. Aprendeu a nadar no mar da vizinha Niterói, mas era a mais carioca das avós, afirma Joana, neta da flamenguista que já fez um golaço no caçula Rodrigo.
“Não tenho dúvida que é lá que ela está, no céu das vovós, onde é Natal e Carnaval ao mesmo tempo, os anjos falam ‘douze’ [12 no ‘carioquês’] e nunca faz frio.”
Marisa morreu no dia 13 de outubro, de infecção generalizada.
Deixa esposo, quatro filhos, sete netos e três bisnetas, uma na barriga desta repórter, que nunca vai deixar de contar as peripécias da vovó Marisa para sua filha.
7º DIA MARIA DULCE KENWORTHY
AZEVEDO Nesta quarta (16/10) ao meio-dia, Igreja São José, rua Dinamarca, 32, Jardim Europa
1 MÊS IOLANDA PERONI FERRARI
ARMELE Nesta quinta (17/10) às 18h30, Igreja São Gabriel, avenida São Gabriel, 108