Folha de S.Paulo

Booker Prize escolhe Atwood e Bernardine Evaristo como suas vencedoras

-

afp A canadense Margaret Atwood e a anglo-nigeriana Bernardine Evaristo receberam nesta segunda (14) o Booker Prize, o mais prestigios­o prêmio literário em língua inglesa.

Atwood foi premiada por “The Testaments” e Evaristo por “Girl, Woman, Other”. É a terceira vez desde sua criação, há 50 anos, que o prêmio recompensa dois livros ao mesmo tempo.

“The Testaments” é a sequência de “O Conto da Aia”, uma distopia que imagina um futuro de misoginia e que se tornou um manifesto feminista de escala global. Publicada em 1985, a obra foi adaptada na série “The Handmaid’s Tale” em 2017 —que acabou dando novo fôlego às vendas do livro, cuja edição em inglês bateu oito milhões de cópias.

Com frequência cotada para o Nobel de Literatura, Atwood, de 79 anos, já ganhou o Booker Prize em 2000 por seu romance histórico “O Assassino Cego”.

“Estou muito surpresa, eu teria pensado que era idosa demais”, reagiu a escritora, usando um broche do movimento ecológico Extinction Rebellion.

Já Evaristo impression­ou o júri com “Girl, Woman, Other”, um romance ambicioso que se concentra em mulheres negras de vários contextos e gerações, questionan­do permanente­mente a cor e o racismo, em relação à cultura e ao sexo.

De Barbados até a Nigéria, as protagonis­tas se encontram em Londres, com um laço familiar, de amizade ou de inimizade. Evaristo disse que é “incrível” compartilh­ar o Booker Prize com Atwood, que chamou de “uma lenda”. Ela é a primeira mulher negra a ganhar o prêmio.

Lançado em 1969, o Booker Prize premia a cada ano o autor do “melhor romance escrito em inglês e publicado no Reino Unido” com um cheque de £ 50 mil (cerca de R$ 261 mil) —que neste caso será compartilh­ado pelas duas laureadas.

O prêmio já foi atribuído a dois autores nos anos de 1974 e de 1992. No ano passado, foi entregue à escritora Anna Bruns, a primeira norte-irlandesa a recebê-lo, por “Milkman”.

Entre os seis finalistas deste ano havia quatro mulheres. A americana Lucy Ellmann estava indicada por “Ducks, Newburypor­t”, um romance de mil páginas construído ao redor do monólogo de uma dona de casa de Ohio. Para Joanna MacGregor, membro do júri, ele se concentra na “complexida­de enlouquece­dora da vida familiar”.

Elif Shafak, a escritora mais lida na Turquia, foi selecionad­a por “10 Minutes 38 Seconds in This Strange World”, sobre as lembranças de uma prostituta nos bairros baixos de Istambul.

Também ganhador do prestigios­o prêmio em 1981 por “Os Filhos da MeiaNoite”, Salman Rushdie foi indicado por “Quichotte”, uma versão moderna da epopeia do herói de Miguel de Cervantes.

O nigeriano Chigozie Obioma concorria com “An Orchestra of Minorities”, que conta a história de um criador de galinhas em um pequeno povoado da Nigéria.

Até 2013, o Booker Prize era reservado aos cidadãos da Comunidade Britãnica, mas em 2014 se abriu a outros países de língua inglesa.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil