Folha de S.Paulo

Sobem para três os mortos em prédio que ruiu em Fortaleza

Seis pessoas que estavam no edifício continuam desapareci­das; vítimas são 2 mulheres e 1 homem

- Marcel Rizzo

Os bombeiros confirmara­m ontem a terceira vítima do desabament­o de um edifício residencia­l em Fortaleza. Há ainda seis desapareci­dos. Reforma nos pilares do prédio é investigad­a como possível causa do colapso.

fortaleza Uma terceira vítima foi confirmada, nesta quarta (16), após desabament­o de prédio residencia­l em Fortaleza. Ela foi identifica­da como Izaura Marques Menezes, de 81 anos. Agora são duas mulheres e um homem, Frederick Santana dos Santos, 30, mortos na tragédia.

Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros, Eduardo Holanda, após checagem de duplicidad­e em nome das vítimas, três mortes foram confirmada­s, sete pessoas resgatadas e seis desapareci­das. Não há crianças entre eles.

“Temos esperança de encontrar pessoas vivas. Há bolsões [de ar] e localizamo­s cinco pontos, por meio dos cães farejadore­s e de drone que identifica calor em que podem existir vítimas”, disse.

O maquinário pesado, utilizado quando não há mais vítimas, só foi usado para retirada de laje que colocava em risco os socorrista­s. “Ainda estamos trabalhand­o manualment­e para achar pessoas vivas”, disse o comandante.

Os corpos das duas mulheres encontrado­s nesta quarta já foram retirados dos escombros. Segundo os bombeiros, não houve durante o dia barulhos notados de possíveis sobreviven­tes, mas isso não significa que não haja mais vítimas vivas apesar de mais de 32 horas do desabament­o.

“As pessoas podem perder a força, mais debilitada­s, para fazer barulhos, mas não significa que não estejam vivas”, disse Holanda.

O desabament­o do edifício residencia­l Andrea, de sete andares, ocorreu na manhã de terça (15) no bairro Dionísio Torres, em Fortaleza.

Frederick Santana dos Santos tinha 30 anos e não resistiu aos ferimentos. Ele estava em um mercado que foi atingido pelos escombros.

O edifício Andrea tinha dois apartament­os por andar e um na cobertura, 13 no total. Era antigo e grande e, segundo vizinhos, moradia de muitos idosos. No momento do desabament­o, barulho e fumaça chamaram a atenção da vizinhança toda.

O edifício não tinha porteiro, apenas um zelador a ser acionado em caso de problemas. Havia segurança inteligent­e, contratada de uma empresa, mas relatos mostram que além da obra estrutural que estava sendo feita em pilares do prédio, eques erá investigad­as eéa causado desabament­o, moradores dividiam o apartament­o, de cer cade 140 metros cada, em dois, principalm­ente para alugar.

Um deles co messa modificaçã­o, no primeiro andar, estava sendo oferecido há cerca deu mano por R $1.000 o aluguel mensal.

Tenho fé de que estão vivos, diz parente de desapareci­dos

Romulo Brás é sobrinho de Izaura Marques Menezes, de 81 anos, a terceira vítima identifica­da nesta quarta-feira após o desabament­o do prédio residencia­l de sete andares em Fortaleza.

Antes de Izaura ser identifica­da, ele esperava que ela, o tio Vinicius e a prima Rosana, filha do casal, que moravam no quinto andar do edifício havia dez anos fossem encontrado­s com vida.

“Eles nunca relataram qualquer problema. Estive visitando fazia um mês e a obra que relataram nas colunas ainda não havia começado”, disse Romulo, sobre relatos de que havia uma obra estrutural em pilares do prédio.

Ele e outros familiares de moradores aguardam notícias no hall de um prédio vizinho ao que desabou.

A prefeitura criou o ponto de apoio e tem recebido doações de alimentos e bebidas. A cada duas horas, o comando do Corpo de Bombeiros atualiza informaçõe­s aos familiares que estão lá.

“Estão chegando em um ponto que acreditam que meus familiares possam estar. Tenho fé que estão vivos”, disse Romulo.

Roberto dos Santos trabalha com o irmão, Elivelton dos Santos, na manutenção de aparelhos de ar condiciona­do. Elivelton estava no edifício Andrea para ajustar equipament­o de um morador e está entre os desapareci­dos.

“Ele já tinha começado o serviço, falei com ele mas depois não respondeu mais. Li sobre a queda, bati o endereço e vi que era ele. Estou com esperança, está vivo”, disse.

A prefeitura de Fortaleza tem um pedido de construção do prédio de 1994. No ano seguinte, o condomínio do edifício teve CNPJ registrado.

A reforma nos pilares, porém, não tinha autorizaçã­o do poder municipal. A anotação de responsabi­lidade técnica foi registrada no Crea um dia antes da tragédia. Ela foi orçada em R$ 22,2 mil.

Em 2013, quando a prefeitura fez atualizaçã­o da planta imobiliári­a, foi identifica­do que o lote onde ficava o edifício pagava apenas um IPTU para os sete pavimentos e 13 unidades habitacion­ais.

Foi feito um pedido de desmembram­ento para regulariza­r a situação e cada apartament­o passou a fazer pagamento individual.

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Ronaldo Oliveira/Agência O Globo Bombeiros trabalham nos escombros do edifício Andrea, em Fortaleza

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