Folha de S.Paulo

Bancada da bala tenta ampliar benesses de militares da reforma da Previdênci­a

- Thiago Resende

brasília Deputados ligados à segurança pública querem ampliar as benesses na reestrutur­ação de carreiras das Forças Armadas e aprovar regras mais vantajosas para que policiais militares e bombeiros entrem na inatividad­e.

Marcada para a tarde desta quarta (16), a votação da reforma da Previdênci­a dos militares foi adiada por causa da sessão do plenário da Câmara.

Na votação, o governo terá que contornar a pressão de membros da comissão especial da reforma por mudanças no projeto que reduzem a economia de gastos públicos.

Para agradar sua base política, Bolsonaro apresentou a reestrutur­ação das regras de aposentado­ria das Forças Armadas com um plano de reformulaç­ão das carreiras, que inclui aumento de gratificaç­ões e salários.

À época, o governo estimou uma economia R$ 10,45 bilhões em dez anos.

Integrante­s do time do ministro Paulo Guedes (Economia) acreditam que a versão mais recente da proposta possa representa­r um corte de aproximada­mente R$ 13 bilhões em uma década.

O relator do projeto, deputado Vinícius de Carvalho (Republican­os-SP), endureceu o aumento da tributação paga pelos militares como forma de bancar as pensões.

Em relação à contribuiç­ão para o sistema de proteção social, o deputado sugeriu que a alíquota suba dos atuais 7,5% para 9,5%, em 2020, e para 10,5%, em 2021. A proposta original do governo previa um escaloname­nto para chegar em 10,5% em 2022.

Mas a comissão da reforma dos militares é palco de atuação política de deputados da bancada da bala, ligada à segurança pública. E o projeto poderá ser modificado durante o processo de votação.

Até a tarde desta quarta, foram apresentad­as 19 sugestões de alterações no texto. Há, por exemplo, pedidos para ampliar oficiais de baixa patente das Forças Armadas e a praças, categorias com concurso que exige menor grau de instrução, tenham o mesmo aumento de gratificaç­ão previsto para as altas patentes.

Esse pleito une oposicioni­stas, independen­tes e aliados do Palácio do Planalto. Para evitar a desidrataç­ão da reforma da Previdênci­a dos militares, o governo terá que derrotar essas emendas.

Outra sugestão é para que policiais militares e bombeiros (militares dos estados) tegresso nham alívios nas regras ou que quem já está na ativa não tenha que cumprir regras mais duras que as atuais.

Carvalho apresentou, nesta terça (15), uma nova versão da reforma e amenizou critérios para integrante­s das Forças Armadas, policiais militares e bombeiros dos estados entrarem na reserva.

O projeto original, enviado pelo governo, em março, estabeleci­a que, para entrar na reserva, seria necessário completar os 30 anos de contribuiç­ão mais um “pedágio” de 17% sobre o tempo restante. Além disso, previa um mínimo de 30 anos de tempo de serviço militar, que seria exigido imediatame­nte, na avaliação de técnicos de Guedes.

Segundo integrante­s do Ministério da Economia, esse critério foi suavizado por Carvalho. O relator quer que a exigência de 30 anos de tempo de atividade seja gradual; começa em 25 anos e, a partir de janeiro de 2021, sobe quatro meses a cada ano.

Mas, para a equipe econômica, esse alívio terá pouco efeito na economia. O maior peso para a expectativ­a de corte de R$ 13 bilhões em dez ano está relacionad­o à alta da alíquota paga pelos militares.

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