Folha de S.Paulo

Presidente da Eletrobras diz que estatal está pronta para privatizaç­ão

Proposta do governo prevê a injeção de até R$ 10 bilhões na companhia, sendo R$ 4 bi da União

- Nicola Pamplona

rio de janeiro O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, disse nesta quarta (16) que a proposta de aumento de capital aprovada pelo governo na terça limpa o balanço da empresa e deixa a estatal pronta para a privatizaç­ão.

A proposta do governo prevê a injeção de até R$ 10 bilhões na companhia —R$ 4 bilhões virão da União, que controla a estatal, por meio da conversão de Adiantamen­tos para Futuro Aumento de Capital (Afacs) concedidos em 2016 em novas ações. O restante virá de acionistas privados.

“Esse é um movimento que prepara de forma definitiva a Eletrobras para o processo de privatizaç­ão que já foi anunciado pelo governo”, disse Ferreira Junior. Discutida desde o governo Michel Temer, a privatizaç­ão da Eletrobras é também uma das prioridade­s do governo Jair Bolsonaro.

Segundo o presidente da companhia, o aumento de capital limpa o balanço e melhora a capacidade de investimen­to da companhia. Para convencer os acionistas, a empresa acena com dividendos.

“[A operação] pode nos estimular a fazer uma avaliação da possibilid­ade de reversão dos dividendos detidos”, disse aos analistas o executivo. Ao anunciar o lucro de R$ 13,3 bilhões em 2018, a estatal reteve o pagamento de R$ 2,3 bilhões, alegando não ter dinheiro em caixa para distribuir o mínimo estabeleci­do em lei.

O modelo anunciado pelo governo prevê que outra parcela de dividendos, equivalent­e a R$ 1,2 bilhão, possa ser usada pelos acionistas em troca de ações na operação. Segundo Ferreira Junior, essa possibilid­ade livra a Eletrobras de ter que desembolsa­r o valor devido aos acionistas.

As novas ações da estatal serão vendidas a R$ 35,72, no caso das ordinárias (com direito a voto) e R$ 37,50, as preferenci­ais. Segundo a empresa, os valores referem-se à média ponderada do fechamento dos 30 dias anteriores a 7 de outubro, com deságio de 15%.

A União tem 40,99% das ações da estatal e não terá sua participaç­ão diluída no processo. Pelo contrário: se todos os minoritári­os aderirem, a fatia do governo subirá para 42,59%.

A diluição deve ocorrer no processo de privatizaç­ão, em discussão com o Congresso. A ideia, neste caso, é vender novas ações só para sócios privados, reduzindo a fatia estatal a uma posição minoritári­a. Na teleconfer­ência, Ferreira Junior defendeu que há apoio político para a privatizaç­ão.

Ele disse que a entrada de novos recursos já no processo de aumento de capital pode ajudar a Eletrobras a fazer novos investimen­tos.

Ele destacou que a empresa vem reduzindo custos e cortando pessoal. A empresa lançou novo plano de demissão consensual, com meta de atingir 1.681 funcionári­os. O plano tem custo estimado de R$ 548 milhões com benefícios e economia esperada em R$ 510 milhões por ano.

O aumento de capital será levado à votação dos acionistas em assembleia no dia 14 de novembro e a expectativ­a da empresa é concluir a operação até dezembro.

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