Operação interdita sedes de associação de policiais militares após greve na Bahia
Deputado que comanda entidade afirma ter sido alvo de atentado na madrugada; governo pede o encerramento das atividades do órgão no estado
salvador Entidade à frente da greve de um grupo de policiais militares na Bahia, a Aspra (Associação dos Policiais e Bombeiros e de seus Familiares) teve todas as suas sedes interditadas pela Justiça no estado para cumprimento de mandados de busca e apreensão em operação conjunta do Ministério Público da Bahia e da Secretaria da Segurança Pública nesta quarta (16).
Horas antes, de madrugada, o coordenador-geral da entidade, o deputado estadual Marco Prisco (PSC) foi alvo de um atentado a tiros, no bairro de Nazaré, na capital baiana, com outros dois integrantes da Aspra. Os três foram atingidos apenas por estilhaços de vidro. Prisco segue hospitalizado.
Durante a paralisação de PMs, no início do mês, houve arrastões, ônibus vandalizados e ataques a carros da polícia. O bairro Tancredo Neves, na periferia de Salvador, foi um dos mais afetados, com registros de ataques a lojas e ônibus e tiroteios.
A categoria pede revisão no plano de carreira, reajuste de gratificações e melhorias no Planserv, plano de saúde dos servidores do estado.
Segundo o governo, sob gestão de Rui Costa (PT), na operação desta quarta, 14 policiais que estavam na sede da Aspra, em Salvador, foram levados para a Corregedoria da Polícia Militar. Na sede, foram apreendidas armas, munições e R$ 5.000 em espécie em um carro oficial alugado pela Assembleia Legislativa da Bahia.
A decisão judicial atende a um pedido da Promotoria que avalia que a Aspra tem descumprido o que determina a Constituição quanto a sindicalização, greve de militares
“A Polícia Militar não aderiu à greve, mas o que vimos foi a prática de incitação à violência por parte da Aspra para que os associados fizessem motins, atentados, vandalismo em ônibus, ameaças via redes sociais, que levaram criminosos a agir por acreditarem que a polícia estava parada Maurício Barbosa secretário da Segurança da Bahia
e filiação a partidos políticos enquanto em serviço ativo.
A operação teve como alvos ainda as sedes da Aspra em outras 19 cidades.
O movimento dos militares ligados à Aspra —que tem cerca de 15 mil associados, quase metade do efetivo na Bahia— foi deflagrado no último dia 8. A greve, no entanto, não chegou a alterar a rotina da capital baiana, com exceção de casos pontuais na periferia.
Nas primeiras horas desta quarta, circularam vídeos e fotos nas redes sociais que mostravam o deputado sendo socorrido por uma equipe do Samu, após o veículo onde estava ter sido alvejado por tiros .
A Secretaria da Segurança informou que investiga a veracidade da ocorrência. O procurador de Justiça Geder Gomes, do Ministério Público da Bahia, reiterou que não há greve da Polícia Militar, mas situações isoladas que criaram sensação de insegurança.
O secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, afirmou que o órgão pediu ainda à Justiça o encerramento das atividades da associação no estado e o bloqueio das contas bancárias da entidade.
De acordo com o secretário, há indícios da participação de militares ligados à associação nos atentados ocorridos na capital baiana desde o início do movimento grevista.
As advogadas da Aspra, Marcelle Maron e Liane Costa chamaram a operação de “nefasta” e disseram não ter tido acesso ainda ao processo. Ambas refutam a hipótese do governo de envolvimento de membros da associação com os crimes cometidos na última semana. “A mesma certeza que a secretaria diz ter quanto a esses fatos não tem quanto ao atentado contra Prisco”, disse Costa.