Folha de S.Paulo

Contra roubo de cargas, Witzel quer fechar acesso a favelas do RJ

- Anna Virginia Balloussie­r

rio de janeiro Fechar acessos a comunidade­s. A proposta integra um plano de combate ao roubo de cargas anunciado nesta quarta (16) pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que acumula medidas polêmicas para refrear a crise na segurança pública do estado.

A iniciativa, prevista para o começo de 2020, é uma aba do projeto Segurança Presente e agirá em “corredores das estradas e acessos onde tem entrada do roubo de cargas nas comunidade­s”, disse Witzel. Ela “vai praticamen­te zerar e reduzir muito o dinheiro que financia o tráfico de armas e de drogas no nosso estado”, continuou.

O governador, que se elegeu na garupa do bolsonaris­mo e hoje trava disputa velada com o presidente Jair Bolsonaro (PSL) pela eleição de 2022, não detalhou como esse controle se daria. Mas, questionad­o sobre o plano apresentad­o num evento em Copacabana, disse que “não vai ter nenhum tipo de invasão na liberdade de ir e vir de nenhum cidadão” que reside nesses locais.

O estado faria, afirmou, “o controle de veículos suspeitos” e, só se moradores da favela toparem, uma vigilância mais direta. “A comunidade é que tem que conversar conosco e dizer, ó, nós queremos controle”, disse a jornalista­s na saída de outro compromiss­o no mesmo dia.

Esse seria um passo “muito importante”, segundo Witzel, que comparou a hipótese com a inspeção feita em condomínio­s particular­es “e num monte de lugar”.

O governador disse ainda que o programa poderá contar com uso de helicópter­os e motos para reduzir o roubo de cargas que, de acordo com ele, gera um prejuízo de mais de R$ 5 bilhões anuais.

Dados do ISP (Instituto de Segurança Pública) mostram que, de janeiro a agosto, o estado sofreu 5.277 crimes do tipo. Ao longo de todo 2018, 9.182 cargas foram roubadas.

A oposição a seu governo reagiu à ideia de controlar acessos a comunidade­s. A deputada estadual Renata Souza (PSOL) foi uma das vozes críticas: para ela, o programa força um “apartheid no Rio” ao “reduzir, ainda mais, a péssima mobilidade de quem vive nas favelas”.

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