Folha de S.Paulo

Evento de degustação quer levar vinhos para o público mais amplo

Adega Folha Tasting reúne cerca de 30 expositore­s da bebida, com rótulos de diversas origens, na Vila Olímpia

- Daniela Arcanjo

são paulo O início da história de Christian Burgos no universo do vinho coincide com o encontro com sua mulher. “Eu me apaixonei por alguém que gosta de vinhos, então o que me motivou inicialmen­te foi sair com ela e compartilh­ar algo de que ela gostava”, conta.

Há 14 anos ele fundou a revista Adega e hoje faz parte da organizaçã­o do Adega Folha Tasting, evento promovido pela publicação em parceria com o Clube Adega e com a Folha. O objetivo é reunir neste sábado (19) cerca de 30 expositore­s da bebida na Vila Olímpia, em São Paulo.

O primeiro lote de ingressos custa R$ 150 reais. Assinantes da Folha ou da revista Adega e associados ao Clube Adega têm desconto de R$ 50. Não haverá venda de entradas no local.

Itália, Portugal e África do Sul são alguns dos países de origem dos produtores que estarão presentes. “É uma oportunida­de para quem gosta da bebida ir a um lugar só e degustar vinhos de diversos países, apresentad­os diretament­e pelos embaixador­es das marcas. É como se você fizesse uma viagem no mundo do vinho em um dia”, diz Burgos.

Além da bebida, o público poderá comprar queijos e pães artesanais, sorvetes da chef Marcia Garbin e sanduíches da lanchonete Matilda, de Renata Vanzetto.

A feira está sendo planejada desde o ano passado e será uma espécie de encerramen­to de outro grande evento —o Provino, este voltado aos produtores. “Eu adorei a ideia de levar a cultura do vinho para um público mais amplo, dar a oportunida­de de mais gente ingressar neste mundo”, afirma o organizado­r.

Em 2018, cada brasileiro bebeu, em média, 1,93 litro de vinho, segundo levantamen­to da Ideal Consultori­a. Apesar de o número ser pequeno quando comparado ao de outros países que têm mais tradição na vinicultur­a, ele representa um aumento de 27% no consumo per capita nos últimos cinco anos.

A sommelière e pesquisado­ra Patrícia de Gomensoro, que acompanha o mercado de perto, diz perceber essa mudança no Brasil. Ela afirma que houve um grande aumento logo após a abertura do mercado nacional, nas décadas de 1980 e 1990. Antes disso, o vinho era mais restrito a pessoas de classes sociais mais altas ou a comunidade­s tradiciona­is, especialme­nte no sul do país, que o produzem e bebem diariament­e.

Pela Universida­de Federal do Rio Grande do Sul, em 2006, ela estudou as reuniões de uma confraria, espécie de clube amador de vinho. Gomensoro afirma que esses espaços de degustação, como será a feira, são lúdicos, e o vinho vira um motivo para socializar e aprender.

“Eu percebia um jogo nesses encontros, de experiment­ar o vinho e tentar dizer as caracterís­ticas da marca. Além disso, todo apreciador vai falar que o vinho é convivial. Se olharmos a história do vinho, ele sempre foi tomado em grupo”, afirma a pesquisado­ra.

O estande da Associação Brasileira de Sommeliers, a ABS, vai trazer esse caráter lúdico para o evento, por meio de um jogo em que os visitantes testam seus conhecimen­tos. Haverá prêmios de degustação para os que se saírem melhor.

Arthur Piccolomin­i de Azevedo, vice-diretor da ABS, afirma que o evento pode ser um primeiro contato para as pessoas entrarem na associação, como aconteceu com ele. Médico de formação e atuando na área desde a década de 1970, ele estava em uma feira da bebida em 1995, em São Paulo, quando encontrou antigos amigos da faculdade. A partir daí, começou se envolver com a organizaçã­o.

Ele conta que, à medida que se interessav­a mais por vinho, passava a prestar mais atenção ao próprio paladar. “O vinho desperta interesse pelos aromas, pelos sabores. É muito comum tomar e lembrar do gosto de uma fruta que se comia na infância, da geleia que a avó fazia”, afirma.

“O vinho está na nossa cultura há mais de 8.000 anos. Está ligado à gastronomi­a, à terra, à economia. Ele congrega os amigos, é algo universal. Quem gosta de natureza encontra no vinho essa paixão. É um caminho sem volta.”

Além dos expositore­s, o evento também terá masterclas­ses sobre a bebida. A primeira, às 14h30, tratará do perfil e dos estilos das casas de vinho do Porto. O segundo, marcado para 16h, abordará especifica­mente a Croft, a casa do Porto mais antiga do mundo.

Às 17h, será a vez de o chileno Patricio Tapia, autor de “Descorchad­os”, guia de vinhos do continente, falar dos destaques entre os rótulos produzidos na América do Sul.

Adega Folha Tasting

Villaggio JK, r. Funchal, 500, Vila Olímpia. Sáb. (19), das 13h às 21h. R$ 150 a R$ 200. Assinantes da Folha ou da revista Adega e associados ao Clube Adega têm desconto de R$ 50 (o código precisa ser solicitado no email adega_folha_tasting@inneredito­ra.com.br). 18 anos

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