Folha de S.Paulo

Prédio delirante erguido em velha cidade alemã do leste ganha museu

Em Magdeburgo, obra do arquiteto austríaco Hundertwas­ser contrasta com estéticas medieval e socialista

- Igor Gielow

magdeburgo (alemanha) Poucas coisas preparam o visitante acostumado com as construçõe­s medievais ou socialista­s de Magdeburgo, pacata capital do antigo estado comunista da Saxônia-Anhalt, para a primeira vista da Cidadela Verde.

Uma espécie de cruzamento entre um prédio de Antoni Gaudí e o paulistaní­ssimo Copan, a cidadela se ergue no meio da paisagem vetusta como uma forma de vida.

Só não faça a referência ao arquiteto catalão famoso por seus prédios coloridos e angulosos em Barcelona. Aqui, o herói se chama Friedensre­ich Hundertwas­ser (19282000), austríaco que ganhou fama pregando que seu ofício equivalia à “terceira pele” do ser humano, devendo moldarse à primeira (a pele original) e à segunda (a roupa).

O prédio de Magdeburgo é um pequeno delírio, trazendo 55 apartament­os que são todos alugados por uma fundação ligada à construção da cidadela. Ela se autodenomi­na verde por um bom motivo: há árvores e plantas em todos os cantos, inclusive dentro de algumas unidades, saindo pelas janelas multiforme­s.

Cor de rosa e cheio de detalhes, o edifício tem 171 árvores e cerca de cem moradores. O aluguel é caro para o padrão local: 10 euros (cerca de R$ 46) por metro quadrado, e cada apartament­o tem um tamanho diferente —de 55 metros quadrados a 145 metros quadrados.

“Não é um lugar fácil, na verdade, porque há muito movimento e o térreo é dedicado a restaurant­es, lojas e um hotel”, diz um dos administra­dores locais, o cantor de ópera argentino Matias Tosi, radicado desde 2016 em Magdeburgo.

O local deve ficar mais movimentad­o —em 2018 recebeu 30 mil visitantes. No dia 4 passado, foi inaugurado um pequeno museu dedicado a Hundertwas­ser —a cidadela foi o último edifício que desenhou, pouco antes de morrer, e só foi inaugurada em 2005.

Com vários andares em uma das torres que parecem saídas de conto de fadas do local, o museu tem um bar para a socializaç­ão dos visitantes.

De forma pouco comum nos projetos na antiga Alemanha Oriental, a cidadela, ou Casa de Hundertwas­ser, teve seu custo de 27 milhões de euros (R$ 124 milhões hoje) bancado por um fundo de investidor­es privado.

Há visitas guiadas, que agora incluirão o museu, por 10 euros a cabeça. O visitante tem a chance de subir na mais alta torre da cidadela, enfeitada por bolas douradas gigantesca­s, que tem vista panorâmica de toda a cidade e região.

Para quem quiser apenas aproveitar o clima da galeria no térreo, a visita é gratuita, e a permanênci­a no Art Hotel sai por 70 euros (cerca de R$ 320) a diária. A cidadela fica na central Breiter Weg, número 10a. Informaçõe­s no site gruene-zitadelle.de.

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Fotos Igor Gielow/Folhapress Cidadela Verde, edifício de Hundertwas­ser em Magdeburgo, com economia de linhas retas e abundância de mosaicos cerâmicos
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Igreja de Magdeburgo do teto do prédio de Hundertwas­ser

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