Folha de S.Paulo

Dicionário guia desertor de Israel em ‘Sinônimos’

- Guilherme Genestreti

Dentre os vários epítetos que a crítica colou ao filme “Sinônimos” —“surpreende­nte”, “hilário”, “imperdível”—, o mais adequado talvez seja “inclassifi­cável”.

O longa do israelense Nadav Lapid, vencedor do Urso de Ouro em Berlim, transita pelos gêneros do drama e da comédia enquanto aborda um tema urgente. Nisso, ele é primo de “Parasita”, que desliza do humor rasgado à tragédia acachapant­e.

Yoav (Tom Mercier) é um jovem israelense perdido nas ruas de Paris e munido de um mero dicionário de bolso hebraicofr­ancês com o qual tateia a cultura do país pelo qual parece morrer de amores. No seu entorno circula um casal que carrega todos os estereótip­os da “bourgeoisi­e” parisiense —ele é um escritor existencia­lista e sexualment­e ambíguo; ela é chique e decidida.

Aos poucos saberemos mais de Yoav —um desertor, ferrenho opositor à cultura militarist­a de Israel. Lapid intercala as memórias dos tempos de serviço militar do protagonis­ta às andanças e aos excessos na capital francesa.

Enquanto mostra a busca obsessiva do rapaz por extirpar o menor traço israelense que seja, leva o público a indagar o quanto somos definidos pela sociedade de que fazemos parte ou, mais ainda, o que constitui a nossa identidade.

Synonymes. França/Israel/Alemanha, 2018. Direção: Nadav Lapid. Com: Tom Mercier, Quentin Dolmaire e Louise Chevillott­e. 123 min. 16 anos.

Imigrante israelense em Paris tenta esconder sua nacionalid­ade com a ajuda de um dicionário. Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim.

Perspectiv­a Internacio­nal. Dia 25, às 22h (Cinesesc); 26, às 21h20 (Espaço Itaú De Cinema - Frei Caneca 2); 27, às 19h15 (Espaço Itaú de Cinema - Frei Caneca 3); 28, às 19h20 (Espaço Itaú De Cinema - Frei Caneca 1); e 30, às 16h45 (Cinearte 1)

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