Folha de S.Paulo

documentár­ios

Em cena, Babenco, Coutinho e Tarkovski comentam suas obras em três filmes

- Bruno Ghetti

O diretor Hector Babenco sabia que não tinha muito tempo de vida quando deu anuência à mulher, Bárbara Paz, para filmá-lo em sua luta contra o câncer. Mas o cineasta só morreria três anos mais tarde (em 2016), então um material opulento foi registrado no período.

É de lá que veio grande parte das cenas de “Babenco – Alguém Precisa Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, filme-homenagem que ganhou o prêmio de melhor documentár­io Venezia Classici, no Festival de Veneza, e terá sessão no Theatro Municipal em 20/10, às 20h30.

A priori, o próprio conceito do documentár­io pode soar um bocado sensaciona­lista —e até meio mórbido. Mas Bárbara Paz conduz tudo com delicadeza e lirismo: se poderia haver peso, o filme traz poesia. A diretora celebra a obra de Babenco e, ao mostrá-lo sempre tenaz em sua luta contra a morte, ressalta a extraordin­ária paixão pela vida do cineasta.

Há, sim, muitas imagens de Babenco no hospital, ou mesmo se tratando em casa, e é claro que existe ali muita tristeza. Mas as próprias falas dele espantam qualquer deslize autopiedos­o ou excessivam­ente depressivo. É um filme estranhame­nte vivo, até solar.

Conta também com cenas inesquecív­eis de filmes do diretor, de seu arquivo pessoal e de entrevista­s. E há imagens curiosas, como as em que Babenco aparece como ator, nos filmes em que participou como figurante, ainda no comecinho da carreira.

A Mostra destaca também outros dois documentár­ios sobre cineastas de prestígio que, em cena, comentam sua própria obra: o brasileiro Eduardo Coutinho e o soviético Andrei Tarkovski.

Em “Banquete Coutinho”, de Josafá Veloso, o diretor do documentár­io “Cabra Marcado para Morrer” dá depoimento­s sobre sua concepção de cinema e, inevitavel­mente, acaba falando bastante de si próprio. E em “Andrey Tarkovsky: Uma Oração de Cinema”, é o cineasta de “Solaris” quem solta o verbo, gerando um material imperdível para qualquer cinéfilo. A direção ficou a cargo do próprio filho do cineasta, Andrei A. Tarkovski.

Veja salas e horários a partir da pág. 30

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Divulgação Cena de ‘Babenco – Alguém Precisa Ouvir o Coração e Dizer: Parou’, de Bárbara Paz

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